Me envolvo no vento e rodopio como fazia nos remoinhos do meu mar lá para os lados do sul. Na primavera eu volto a ser criança, mesmo com as articulações e reflexos a não terem o fulgor daqueles tempos carregados de impossiveis.
Assim, tunicado de vento eu armado em ermita do alto da minha falésia, subida na inspiração e mantida com a transpiração dos pensamentos, me deixo levar em ondas curtas, médias ou de frequências inconstantes.
Para mim as surpresas da vida são a melhor parte dela. As pessoas incríveis que conheci, as que me desiludiram, as que me sorrindo me xingaram, as que sonsamente se divertiram com punhais de alma e contratempos de contragostos, são as que mais satisfação me dão. As outras são as pessoas normais da vida, as que fazem parte da minha vida e ela não seria assim, alegre e feliz. Aquelas não, são bestiais até à faca mortal, sorriem até ao choro, são jovens até se lhes ver as rugas de alma panada em farinha de ignorância e pão amassado pelo desespero de serem grandes na sua pequenês.
Me envolvo no vento como uma túnica vestida, mero detalhe da minha nudez de vida, transparência de consistência, verdade de realmente, e caminho por entre riscos e rabiscos, reconhecendo limites, imperfeições e incoerências próprias da minha mortalidade imortal, porque humano sou.
Mero detalhe de idade com anseios focados na perfeição, na linha recta da do esforço. Eu sonhador perfeito, me deleito nas impurezas humanas, nas fraquezas humanas e vivo assim satisfeito, admirando as pessoas incríveis que não sabem onde vivem e por que o fazem.
Sanzalando
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