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20 de julho de 2019

neste tempo de tempo

Fazia sol neste norte desnorteado em que outono se mistura com todas as estações e intervalos, dando uma saudade do tempo em que o tempo tinha tempo para ser definido e preciso. Pelo menos era a ideia que eu tinha. Era a sensação que me dava. Era no tempo que eu não tinha tempo para me perder a pensar em tempo.
Eu nesse tempo não fazia nada para ter a cabeça ocupada, ela se ocupava sozinha, ela era comédia diária e as ideias caiam nela como avalanche de neve que só conheço dos filmes. Nesse tempo o tempo de calor era calor, do cacimbo era cacimbo e mais não havia para baralhar o tempo de quem não tinha tempo a perder.
Neste tempo, depois de clareado o cabelo, cresceu o medo de desmoronar o mundo pela fraqueza, de explodir o feitio pela irresponsabilidade alheia, de vomitar gritos pelo egoísmo e de cacimbar a mente pela injustiça da imperfeição que graça nos rostos circundantes.
Neste tempo ficou o gosto dos sorrisos sorrateiros que me roubam à inércia de ver o tempo passar, das surpresas doces que aquecem o peito e me arrancam deste estado carrancudo que as cócegas da alma me apreendem sorridentes.


Sanzalando

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