Manhã cedo, ainda nem o sol está quente nem o vento acordou. Sento-me na minha placa tectónica, sim, eu também devo ter uma, a que me separa do meu continente e é ocupada pelo zulmarinho que começa aqui e acaba lá. Sem mais nem menos.
Aqui sinto-me em paz, reflexivamente sossegado, reflectindo em passados, presentes e quiçá, futuros.
Lembrei-me da D. Maria Guedes, senhora de anos muitos, que muito me aturou e decerto aturou outros antes de mim, que na rua, subindo ou descendo conforme as conveniências, foram crescendo. Na verdade eu não sou única geração. Há o antes e o depois de mim. As estórias que sei são do antes e depois de mim. As minhas penso foi sonho e por isso não existem na matéria.
Manhã cedo e me lembro do Jacaré, homem atlético e pouco dado a pensamentos profundos, gente boa no intimo, sorriso fácil e se alguém estava em dia mau ele lhe transformava em dia bom, comer um quilo de açúcar para fazer a prova de mar num março qualquer e mal dada a partida desistiu porque, digo eu, estava com lastro a mais.
Lembro-me assim cedo do Leopoldo, frangueiro do Sporting e simpático de coração. E o Juleco acho nunca praticou desporto sério, só batota e bilhar mas isso não conta para o físico. E ao lado do Juleco morava o Major. Tudo gente boa.
E eu lembrei-me porque é manhã cedo, o sol não está quente e o vento ainda não acordou. Queres ver eu ainda vou dar uma volta no boca de sapo, nem que seja imaginária, porque eu estou com saudades dos muitos futuros que podia ter tido e olhando para o meu passado presente não me arrependo do que tenho. Confuso? Não. Podia ter sido diferente o dia de hoje se eu em qualquer dia do antes tivesse escolhido outro rumo. Ou não?
Seja qual seja o meu futuro, a memória não me atraiçoando e com a capacidade de raciocinar presente, vou construindo o meu futuro em cada presente.
Lá não é verão, mas pelo sim pelo não aqui é e eu me vou aproveitando.
Sanzalando
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