Faz sol e ainda é verão, porem o calor não é mais o mesmo. Venta como se o ar tivesse que mudar todo duma só vez. O meu ralo cabelo esvoaça parece se quer ver livre de mim. Lhe seguro pela raiz num misto de sorriso e espanto. Não gosto do outono no verão. Questão de somenos, eu sei, porque o verão está na alma não no que os meus olhos vêem ou o meu corpo sente. Com este tempo assim ainda medito sobre tudo e nada, sentado na minha praia onde exponho o meu corpo imitando bronze e o meu silêncio feito palavras escritas numa memória qualquer.
A verdade é que eu falo verdade mesmo que a verdade me deixe ficar mal. A verdade é verdadeira mesmo que eu a calasse com medo de magoar o que quer que fosse, quem quer que fosse, mesmo eu próprio. Fala-se a verdade, sem me esconder em indirectas interpretativas, fofocas de corredor, grupos organizados ou aparentemente apenas grupos de ideias. Sou maduro no carácter e personalidade, por isso sou bonito e por isso ando de cara lavada num rosto sem bexigas, sem botox ou máscaras.
É final de verão e verão que por aqui continuarei com os meus humores, horrores e outros favores que apenas faço para mim.
O zulmarinho se revolta em barulhos de ondas que caiem rabujentas, em espuma branca arenosa e revolta e eu, que também cometo, vou corrigindo os meus erros, porque vou vivendo sem linhas mestras ou guias espartanas.
Faz sol e ainda é verão num outono que se adivinha.
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