Nesse ano e nos seguintes, seis, devo
ter escrito o meu primeiro livro de leitura única e pessoal. Poemas de amor. O
vento, o tempo e outros ares levantaram voo e nunca mais os vi. Foi um livro
devorado pelo tempo, página a página, verso a verso, amor em amor. Fui
escrevendo outras páginas na vida, umas com letra legível e outras totalmente
ilegíveis. Era um jovem adulto, levado por paixões e que várias vezes morreu de
amores, mas devido a desconhecidas divindades sempre ressuscitou, rejuvenescido
e pronto a morrer, sempre que o amor lhe quiser.
Sem tropeçar o curso feito e o
sonho cumprido. Nunca mais fui à Areosa nem por lá perto passei enquanto
estudante. Muitos mais anos depois lá fui, não à rua que me recebeu, mas perto.
Nunca mais soube do que foi feito das primas cujo o grau desconheço.
Curti cinco S. João, andei de
alho porro e martelinho de plástico. Bebi cerveja e fiz mais passos nessas
noites que em cada dia do curso. A cidade estava tomada de festa e alegria.
Um dia, levado carro para trazer
a tralha, me prometi que um dia voltaria e várias vezes voltei, porém não aos
mesmos lugares onde tinha passado mais tempo. Nem na Areosa passei, nem à
Cristal fui e nem na Trindade comi. Porém procurei o Carvoeiro, onde calhava
comer aos domingos ou dias santos e em vez de encontrar o dono e a sua filha,
cuja contabilidade era fácil, fazendo ele contas, o resultado era sempre os
mesmo 18 escudos, se a memória não me falha, e encontrei o Carvoeiro para gente
fina. O Piolho estava igual, a Galiza estava na mesma, mas fiquei a saber que fechou
posteriormente. O CICAP deixou de ser a reitoria e o lugar de ensaios do Orfeão
e Tuna. Que eu frequentava, não pela minha linda voz , mas para alegria dos
meus olhos.
Na verdade não voltei ao Porto
com vontade de ver o que eu me tinha gasto em seis anos que lá vivi
intensamente. Só mesmo porque me desapego dos lugares porque os meus caminhos
são em frente e os lugares de passado são isso mesmo, passagens por onde passei
e guardei na memória de cada palavra que escrevo no meu cérebro.
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