24 de junho de 2025

eu e o deserto

O mais longe que fui a corta mato no deserto foi ir quase até aos Morros Azuis. Nesse caminhar pelo deserto do Namibe, encontrei mais do que areia e silêncio. Encontrei-me a mim mesmo e com medo da solidão. Olhava em frente e eles parece fugiam de mim. Olha para trás e o Aeroporto parece ficava mais longe também. Só, tive medo e regressei pensativo. Pelo caminho reparei que o vento sussurrava estórias antigas e o calor parecia querer derreter o meu cérebro. O coração acelerava e eu sentia ele bater cada vez com mais força. Inexplicavelmente tremia. Já não me apetecia conhecer o deserto, já não queria ser mais um explorador de caminhos mais que conhecidos para outros e totalmente desconhecidos para mim. Eu ouvia contar que os Morros Azuis eram assim e assado. Eu, ali tão perto e só os conhecia como conhecia a lua, de ver de longe.
Parei. Pensei e respirei. Já nem sei qual foi a ordem das coisas. Mas de facto senti-me uma estrela. Mesmo sem ninguém me ter visto eu aventurei-me sozinho deserto fora. Eu, menino de alcatrão andei na areia quente do deserto.
Acho só que tinha escolhido dia mau para o fazer. Não podia sentar à sombra e repensar, pois o deserto não tem isso e a minha sombra me acompanhava em cada gesto.
Chegado ao Aeroporto sorri-me e vi que afinal eu não era tão doido como pensava que era.

Sanzalando

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