A Minha Sanzala

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30 de setembro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XXII

De volta ao meu canto solitário, o silêncio da noite interrompido pela doce música da chuva a cair sobre uma cidade adormecida, continuo a escrever-te a mensagem que não sei qual será o destino que tomará.
Durante o breve instante de um gole de cerveja tenho a sensação de fim-de-tudo. Vêem-me à memória as madrugadas, as nossas bebedeiras, as músicas e nossas próprias conversas. Tudo alegoria, das horas em que estivemos juntos, desse efémero pedaço de tempo em que sei que não estive sozinho. Mas podes acreditar, será com satisfação que vou guardar separadamente essa parte da qual tu és a parte especial. Porque na verdade, há um sentimento latente de continuidade nisto tudo, e de acordo com ele as nossas vidas prosseguem, como se persistissem, atrás de alguma coisa, ou atrás de nada. Mas faz-me bem saber que nossas vidas estiveram em paralelo um dia, e que é possível que voltem a estar em sintonia num outro dia qualquer.
Hoje acordei triste. A alma pesava e o corpo doía em cada centímetro dele. Estava estampado na minha cara que não seria produtivo o dia que estava ali à minha espera. Que mais logo estaria aqui a escrever-te engordado na melancolia, deixando nódoas salgadas neste papel pardo onde te escrevo.
Mas um telefonema mudou tudo.
Uma amiga, colega dos tempos em que se usava tranças e se vestia Lafiness ligou para me fazer um convite. E que convite! Ela convidava-me para mais logo irmos dançar, ouvirmos uma música e bebermos um ou outro copo.
Primeiro instinto foi dizer que não. Felizmente o som não saiu da boca pelo que não chegou ao outro lado da linha. Falámos e de tanto falar esqueci-me que tinha acordado triste. No balanço da conversa lá disse que sim.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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