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26 de dezembro de 2008

imaginação

Um copo de vinho. Um silêncio provocado por ter desligado todos os aparelhos que pudessem emitir sons. Uma mantilha me cobre as pernas e mais de metade do tronco. Seguro um livro. Literalmente, pois há mais de muito tempo que eu não lhe encontro letras para ler. Seguro no livro e parti para uma viagem dentro da minha cabeça. Eu via numa claridade evidente que tu eras a luz que me iluminava o caminho que escolhi, eras o meu sol, um sol mais forte que aquele que lá fora parece se querer esconder por timidez de força. Eras quem me ensinou a viver, a amar e a ter um objectivo. Voltar a ter-te por inteiro.
Um trago no copo, um aconchegar da mantilha, guardar o livro à espera que um dia deste ele tenha letras onde eu possa ler a estória que devia estar a ler em vez de viver a que estou a imaginar.
Esperava encontrar ali as letras todas com que me dissessem que eras a minha estrela, meu sol, meu cometa, meu norte, minha madrugada de esperança, feliz por me teres ao lado e outras coisas assim, feliz por ter vivido as minhas aventuras, aguentado as desventuras. Mas como não as encontro ali, vivo-as na imaginação dum sonho de vontades.



Sanzalando

1 comentário:

  1. Genial Amigo:
    Um texto soberbo sobre uma interioridade sensível e admirável.
    Um rebuscar de emoções fantásticas.
    "...Uma mantilha me cobre as pernas e mais de metade do tronco. Seguro um livro. Literalmente, pois há mais de muito tempo que eu não lhe encontro letras para ler. Seguro no livro e parti para uma viagem dentro da minha cabeça..."

    Sem palavras pela profundidade do seu eu ENORME!
    Adorei com sinceridade, aliás gosto de ler tudo o que "constrói" com dedicação e empenho.
    Bem-Haja, amigo.

    Abraço forte de um respeito e estima gigantes.
    Deslumbrado pela sua Alma pura... que é a sua...

    pena

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