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6 de dezembro de 2008

Sábado de Outono

É assim num sábado de Outono. Finge que chove uma chuva que parece não cai porque esvoaça, mas molha num molhar que arrefece a alma, que trás à superfície dos poros recordações, nostalgias e dilui as lágrimas que não são choradas na vergonha dum público.
Passamos a vida rodeados de gente que apenas nos vê mas não nos conhece. Sabe-nos o nome, a cor dos olhos e depois uma escuridão enorme de saber nos sentimentos. Alguns nos dizem conhecer, mas tão superficialmente que parecem estão a flutuar à nossa volta até parece um balão de criança. Mas no momento mais preciso, mais pontual dum relógio trágico da vida são até capazes de gritar e nos dizer que nem sabem quem somos, quando antes quase fizeram a nossa biografia que até parecia éramos nós os outros.
Eu sei, que nas leis da vida a gente às vezes faz coisas, consciente ou não, que não é o mais certo, que está até mesmo um pouco mais errado do que é aceitável. Eu sei que ninguém está livre mais disso porque é assim a natureza da gente, não ser máquina. Mas não é motivo suficiente para ter gente a pensar que tem total liberdade de falar da gente e do que nos é importante fingindo que nos conhece verdadeiramente, e nos empurram num julgamento injusto. Que lhes move?
Eu sei que um dia eu me esqueci de esquecer-me de ti.
Que mais posso eu fazer agora, num sábado de Outono?



Sanzalando

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