Sanzalando
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30 de setembro de 2009
hoje
Sanzalando
29 de setembro de 2009
Sonho ou loucura?
Já não sei onde estou do além por aqui, que é como habitualmente me oriento perante os outros.
- Por onde andas, Pá?
- Por aqui! secamente e sem mais adjectivos, substântivos, subtrativos e outras coisas que não saõ para aqui chamadas, lhes respondo. Mania de quererem saber tudo. Brrr.
Na verdade, quando uma pessoa se consegue convencer, de que toda a vida se rege por absurdos, é porque a sua capacidade de sonhar está dando as últimas e está para se despedir de si que é um instante. Diga adeus, despeça-se da sua existência porque os fuzíveis se fundiram num incandescente inferno, num aberrante estado de loucura.
Eu por aqui há muito me despedi de mim e me entreguei a ti num absurdo estado de descartável insanidade mental.
Se não me conhecesse, diria que me tinha afundado num aberrante estado de saudade inecessário.
Na verdade não consigo olhar para trás e lembrar-me de todas as mentiras, nem olhar para a frente e sentir o peso da imortalidade. Vejo cores com que me defino o tempo. É cedo e por isso vejo uma cor clara. Como será o branco claro? E o preto escuro? Só encontro clausulas, leis, regras, sistemas prisionais. Ah! o meu sonho. Felizmente que o tenho e com ele assinei contrato para a vida.
28 de setembro de 2009
já sei
Me dizem que eu tenho de sair do ensimesmento em que me meti. Gasto as minhas horas, os meus minutos, a sonhar-te, a naufragar nas minhas angústias, a delirar nos meus pressupostos. Mas vou fazer como para deixar de seguir agarrado às recordações e às dúvidas do futuro incerto sem ti?
Já sei que está na hora de pôr os medos e fantasmas, vestidos num pijama, em sono profundo, numa cama do espaço fechado da eternidade. Já sei que está na hora de tomar um banho gelado, arrefecer as ideias e no espaço do passado, deixado livre, esperar que entre um qualquer futuro que possa aparecer.
Já sei que está na hora de me olhar no espelho, descubrir-me para além da anatomia, esquecer-me das tuas carícias que nunca fizeste, e partir para um novo amanhecer.
Já sei tanta coisa que eu não sei que o que sei é o certo ou não.
Se tivesses olhos, que eu já não me lembro como são, olhar-te-ia neles e dir-te-ia apenas que te quero e levar-te-ia a passear no vestido da minha imaginação pelo jardim da minha paixão.
Já sei… não é recaida. É amor.
27 de setembro de 2009
26 de setembro de 2009
Outono num sonho
Me disseram como que num segredo que aqui é Outono. Olho para aquele jardim duma rotunda qualquer, uma das muitas que por aqui despontam em cada noite, e vejo que está ali uma flor que parece estar contente. Só pode estar apaixonada. Até parece que ela me ouviu pois ficou mais brihante a sua postura, a nitidez das suas cores sobressairam. Já deu para ver que estou perante uma flor apaixonada e vaidosa. Percebi que as flores bonitas quando se apaixonam ficam vaidosas. Não foi estudo, foi mesmo só é observação. Olhem bem para ela como está replandescente. Se ela fosse luz eu diria que estava incandescente de paixão. É hoje a minha fluorescente flor duma rotunda que me brilha.
Mas como me disseram que era Outono mudei as agulhas da minha direcção e vou para um recanto, protegido do vento e da frscura do mar, carregado de livros, ler as palavras que os outros me escreveram com sabedoria, enchendo as horas do meu passar. Mas esta flor quase me fez chorar ao me dar brilho neste cinzento dia de Outono. Voltei a mudar as agulhas, virei o leme e vou antes à procura dos amigos para conversar ou lhes ouvir, mesmo que sejam os silêncios.
É, hoje parece que me apetece florescer neste sonho de um dia de Outono cinzento.
25 de setembro de 2009
sonhos e pesadelos
Não sei o que é que se passa. Mas neste momento estou-me nas tintas que sinta as mãos, principalmente a direita, como se estivesse gelada, prestes a quebrar como se parte um pedaço de gelo e que a pele esteja super sensível, quase parecendo cristalizada. Isso, fruta cristalizada. É assim mesmo que eu sinto que está a minha pele.
Vais dizer-me, se falasses comigo, que era a auto-estima que está embaixo, destilado no estilo e no charme.
Na verdade continuo a sonhar-te desde que me desperto até que cansado adormeço. Há momentos em que parece que desvaneces, mas acho que é impressão, estás sempre presente nesta estória invisível. Até parece que vivo invisivelmente. Não me vês, não me ouves e se calhar não me sentes, apesar da distância. Eu sinto-te sempre, até no paladar.
Imagino-me que me encontras, que esta ferida cicatriza, a minha pele se torne numa pele normal, que os dedos se movimentam na sensibilidade da minha alma. Que faço? Fujo para o anonimato? Escondo-me num canto para continuar a estar só? É que eu acho que já não sei viver sem ser a sonhar-te.
Não, não te preocupes. Não estou só. Estou com os meus sonhos, estou a viver a minha vida.
Fecho os olhos e vivo. Como vês, até parece que acabei de ter um pesadelo.
24 de setembro de 2009
Caixotes de sonhos
È dia como se fosse noite. Silêncio. Um vazio completo me rodeia que até parece eu sou ilha perdida no meio dum qualquer oceano. Enfim, está a quitude completa para eu ne deixar embalar no sonho de sonhar-te. Imagino-me a procurar uma tantas caixas de cartão, de dimensões aceitaveis, nem grandes nem pequenas, subjectivamente do tamanho ideal. Procuro esferovite ou aquele plástico de estalar de modo que consiga protejer o meu fragil coração. Ponho uns tantos saquitos de silica, uma ou outra tablete de chocolate, não lhe vá dar uns apetites, assim como quem não quer a coisa, deixo uns tantos desejos escritos nuns papeis estrategicamente desarrumados, mal embrulhado deixo cair um pouco da minha ingenuidade e absurdamente cai também uma lágrima.
Os sonhos não caducam mesmo que se sonhe tarde numa manhã quase cedo. Não têm efeitos secundários também. E com um outro retoque até parece que são sempre novos. Pelo menos os meus sonhos são assim.
Olha, numa das caixas vou arquivar as pequenas frustações, alguns medos, os ilimitados limites a que consigo ir. Noutra, bem mais pequena, ponho as coisas boas, os nomes poucos de gente boa.
Se alguém perguntar eu direi que são as caixas dos meus sonhos. Da pequenina à grande. Em conjunto fazem um conjunto de harmonia e desgarradamente são um chinfrim que ensurdece um surdo.
Um dia ou outro abro uma caixa. Ao acaso, por acaso e sem ter preocupações no caso. Todas as caixas são minhas e todas estão bem condicionadas.
São os meus sonhos encaixotados.
23 de setembro de 2009
Casualidade
Sanzalando
22 de setembro de 2009
sonho-te para ser teu
Sonho-te como se ouvisse uma qualquer canção de amor. Em francês, por exemplo, porque acho a língua doce, apaixonante. Não a entendo, mas transmite-me uma qualquer magia que faz com que me apeteça compartilhar este amor que te sinto. Eu não sei se a entendes. Mas serve-me bem para te amar neste sonho. Mais ou menos fazer com que me vejas sem necessidade de gritar ou espalhafatar. A música embala-me neste sonho. E tenho a sensação que me olhas, que me reparas com os teus olhos amendoados e doces, mesmo que seja numa superficialmente forma de ver. Um dia os teus olhos penetrar-me-ão na alma e ver-me-ás. Estou tão certo como a melodia da canção que ouço, te apaixonarás um dia por mim e retribuirás todos estes sonhos. Procurarei, diariamente, a confirmação, assegurarei que teus olhos só me verão a mim, na base do egoísmo chamado amor. Sonho-te castrando-me de segundos, carregando-me de medos, voando pelos céus como uma criança na sua inocência. Descobrirei que sou grande e que grandes coisas nos esperam para além deste mundo de sonho que construi à tua volta.
Sonhar-te não é esforço desde que eu não me separe de mim, desde que eu não me equivoque.
Sonho-te para que um dia me deixes ser teu. Eternamente.
21 de setembro de 2009
hoje também te sonho
Me procuro nos sonhos. Não são grandes sonhos, também não os são pequenos. São sonhos de embalar, com que adormeço a saudade, com que limpo as lágrimas, com que escondo as borbulhas causadas pela triste sina de ter um fragil estado de ser. Corações fracos que se resfriam na humidade dum cacimbo. Que fazer contra a realidade se não a afagar em sonhos?
Podia beber uma taça de chocolate, um copo de vinho, um outro mimo qualquer e refugio-me no sonho de te sonhar.
Podia olhar por aqui e por ali, abstrair-me da tua ausência, esquecer o teu perfume, ar rebelde dum pôr de sol carregado de cor de fogo, mas continuaria a crescer em mim o absurdo real de te sonhar no sentido incompreendido duma qualquer cumplicidade.
Sonho-te como se fosse uma forma estranha de estar disperto.
Será que os sonhos têm prazo de validade? Caducam?
Enquanto te sonhar estou certo eles não me azedam no frigorífico da alma gelada. Sonho-te como uma forma de energia que me eleva ao nível das nuvens.
É assim que decido o balancete da experiência e da aprendizagem, pequena maravilha de poder compatilhar todos os meus sentidos.
Sonho-te, eternamente, por hoje.
20 de setembro de 2009
19 de setembro de 2009
sentido único
No ultimo canto dum ciclo de vida resolvo sonhar-te como que a viver-te sem te sentir, beijar-te sem te tocar. És a carne, o céu, a terra, o mar, a luz, a noite, a gargalhada e a lágrima. És a esperança dos meus momentos vazios, o corpo adjectivo do sentimento nobre, a estrada infindavel duma vida massadora.
Afinal de contas sonho-te porque és a minha madrugada de esperança, minha primavera deste inverno sombrio.
Sonho-te porque não me apetece chorar.
Chorar-te, seria dar pontos ao papel amarrotado e carregado de nódoas duma vida que passa, que se gasta, que se perde por entre os dedos como um punhado de areia nas mãos. Chorar-te, seria o ponto final dum parágrafo de sentido único.
18 de setembro de 2009
sonhar-te, eternamente enquanto não terminar
Aqui estou, sentado a saborear o luar duma tarde de lua cheia. Ainda nãoi percebi se foi a lua que ainda não anoiteceu ou se é que lhe é ainda madrugada. Mas tal como o passado, eu acho ela me veio visitar durante o dia assim de corpo inteiro a dar-me mais luz para além da do sol fazendo-me brilhar mesta prisão de paixão, sinal particular da minha existência.
Afinal de contas eu também sou um desconhecido para mim. Sonho-te, sonho-te e sempre sonhar-te que faz com que me esqueça de mim, o meu odor veio-me à memória como um perfume de passado, uma recordação dum sonho odorífico. A que cheiro? Ah! O teu eu sei à distância nesta distância que nos une. O meu nem imagino por mais que tente.
Sonho-te como leio um livro na mesa dum café e te imagino de perna cruzada, vestido de quente e colorido tropical e sorriso trocista, olhando-me com desdem. Memórias, tantas recordações que é preciso a cabeça dum deus para as ter na ponta da língua e deixar-me levar num equinócio levitado.
Sonhar-te, eternamente enquanto não terminar.
Sanzalando
17 de setembro de 2009
Sonhar-te é dar-te um beijo
Sonhar-te como te sonho até parece que faz um buraco no céu. É assim, como que um vento do tipo brisa maritima salpicando a alma com pedrinhas de sal. Qualquer coisa como lágrimas solidificdas. Modo de vida. Um caos que me deixa crédulo e paciente. Calmo, sereno e tantos outros adjectivos maravilhosamente inexplicáveis com que me cruzo na encruzilhada desta forma de vida. E o que é que vai acontecer quando eu deixar de te sonhar? Cairá a terra sobre o céu! Não, não é o inverso porque isso é o habitiual e se eu deixar de sonhar não é normal e portanto tem de ser um fenómeno anormalmente incerto. Também pode acontecer as estrelas perderem o brilho e o sol ficar afogado em poieiras. Ou o mundo entrar em tuneis de dúvidas. Tudo pelo simples facto de eu deixar de te sonhar.
Mas na verdade eu sonho-te e sou um iluminado. Para mim sou-o, assim como poderia achar-me um charmoso paradoxo.
É o preço de sonhar-te, viver-te mesmo na distância física e não sentir o frio dorido da ferida, porque és como que a manta que me envolve o coração, afaga a alma e faz-se luz de vida, limpida, brilhantemente luminosa, por vezes ofuscante e por vezes recordante de passados obscuros.
Sonhar-te dançando na corda bamba, equilibrio de infância, joelhos feridos duma queda sem importância na tentativa de dar um salto sem medir a distância porque te amo, porque não sinto dor, porque vejo as estrelas cintilarem, quando me deito e só de te imaginar.
Sonhar-te é dar-te um beijo.
Sanzalando
16 de setembro de 2009
sonhar-te assim é forma de vida
Me sinto como que perdido nos gritos, mais pressentidos que gritados, por entre gente invisível que me vai povoando o labirinto da imaginação, ruas poeirentas dum passado que acho que não foi o meu. Se o foi, deve ter-me passado despercebido, ou então é mais um fruto dos sonhos que sonho de ti. Também não é hora de perguntar se o passado me volta a visitar, porem navego por rostos que me são familiares mas que se calhar hoje não os reconheceria. Enigmas. Enigmas da minha interioridade física e metafísica. Afinal de contas sou um conjunto de espelhos quase paralelos que mostram numa repetição infinita o reflexo dos meus sonhos, mesmo os não sonhados ainda. Vá lá que não me cai o céu em cima, nem flocos de neve caiem numa marginal desconhecida. Não me afundo na triste notícia da incapacidade de ver mais além que o alcance dos meus olhos, não me afogo nas lágrimas que choramos os dois, cada um por si e seus motivos. Enigmaticamente sonho-te, dia e noite, ininterruptamente e abruptamente. Quem sabe até violentamente. É o meu modo de vida, sonhar-te, ter-te, possuir-te, viver-te. Mas também o é chorar-te.
O marulhar deste mar que é meu, a água dum rio numa zona de rápidos, são cânticos que te canto e te ouço e me socorrem na forma de vida cinzenta da nostalgia dorida que escolhi vestir.
Aos poucos, sobe-me a sabedoria do socorro carregado de medo, elevo-me quase aos céus numa entrega que me faz esquecer a matéria e quase me faz rezar rezas que não aprendi.
Aos poucos deixei de ter pressa e, num caminhar pensativamente dolente, me elevo para ver os tuneis da vida sulcados num qualquer manto de luz.
Sonhar-te e assim procuro a minha vida aqui neste catinho de silêncios.
Sanzalando15 de setembro de 2009
esperei-te do passado ao futuro
Parece que o tempo viajou por mim e me deixou neste presente que é nem Verão nem Outono antes pelo contrário. Sou um presente de passado vivo com imagens de futuro magnânimo que se transforma num túnel de passagem lenta, sabor a café e cheiro de cigarro fumado no antigamente da vida. Se tivesse chapéu ele seria de abas como que a me esconder os olhos na frescura duma sombra como se fosse uma garrafa de água mineral que me trata a azia. Gole a gole bebo cada imagem que filtro da memória, barba de três dias como quem abandonou o presente perfeitamente delineado e assumiu um presente desajeitado duma bola de futebol fingindo ser de cristal onde o futuro está incluso, pernas traçadas num desleixo posicional que me permite ver para além do alcance dos olhos. Vejo o teu sorriso estampado no teu sonho elevando-se nos ares dum qualquer ser superior. Aqui sentado, espero o cálice do tempo, fresco de agora.
Sanzalando
14 de setembro de 2009
sonho de adeus
Me deixam estar aqui quietinho, silenciosa e escultutoricamente. É, virei estátua do meu silêncio enquanto a tarde avança rápida por entre o chegar da noite. Foi hoje o dia que as andorinhas se juntaram na minha porta como que a me pedir autorização de partirem para terras mais quentes e me deixarem aqui a lhes esperar mais uns tempos. Nesta estátua de observação procuro a tranquilidade desejada nas entrelinhas da minha estória que um dia ousei viver desde que nasci. Ouço o zulmarinho mesmo não lhe estando ao pé, porque é ele que me faz regressar à vida numa figurinha dum cromo descolada dessa estória que me vai escapando da memória. Hoje regressei ao bairro antigo onde nasci mesmo que não tenha nascido num bairro porque a cidade era em si um bairro apenas. Hoje olhei nos olhos dos amigos com quem brinquei as primeiras brincadeiras que tenho lembrança.
Hoje tenho uma tarde como se estivesse a dizer adeus a um sonho. Quieto, olho à minha volta como quem procura uma saída que não diga entrada de coisa nenhuma, quero meter na gaveta do esquecimento as dores, as lágrimas, as minhas e as de outros que eu testemunhei.
Hoje, aqui no silêncio da quietude isolada da solidão, sonho-te de braços abertos à minha espera, como quem espera essas andorinhas que hoje me vieram pedir licença de partir sem mim.
Hoje, a tarde avança rápida por entre lágrimas que não me apetecem chorar.
Sanzalando
13 de setembro de 2009
sonho-te sem me despertar
Não despertei mesmo que tenha ido ao centro da cidade, mesmo que tenha abandonado o meu ponto de vigia na costa dum gosto que apeteceu sonhar. Não sinto a boca dorida dos silêncios guardados, não me doem as costas do peso da consciência e não me rio da injustiça que não tive. Nesta vida de sonho sinto a curiosidade de evitar tragédias que fazem rir, lágrimas furtivas que caiem por necessidade de controlo emocional. Sonho os sonhos que quero sonhar sem ter vencidos nem vencedores nem punhais expostos em mãos sem rosto.
Não despertei com o passar do tempo que passa sem que tenha tempo de me acordar. Ouço num suave tom de melancolia uma canção que ninguém cantou, um batuque que ninguém tocou porém segue-me a poeira da terra por onde alguém dançou.
Sonhar é a minha justiça e responsabilidade dos meus males e benefícios.
Não despertei nem quando voltei a ocupar o meu posto em que me treino para ouvir os recados das kiandas que me povoam.
12 de setembro de 2009
quero apenas sonhar-te
Desligo a televisão. É minha ideia abstrair-me de todas as análises. Quero apenas sonhar. Quero apenas deixar-me ir na ideia dela, seguir-lhe os passos, beber-lhe as palavras, ouvir-lhe os sons e sentir-lhe os perfumes. Quero apenas sonhar cada noite ou dia com ela. Mesmo que ela não mo permita, mesmo que ela não me suporte, quero sonhar-lhe cada instante. Afinal de contas eu é que poderia não querer porque ao acordar-me dou de caras com o unicamente sonho de ter sonhado com ela, com a irrealidade de ter passado tempo no irreal mundo dos sonhos. Mas eu prefiro isso a ter o coração vazio dando voltas no espaço carregado de nadas, abraçado a almofadas virtuais de sorrisos forçados, simpatias carregadas de desdém, amizades fingidas nas punhaladas de costas. Prefiro viver no mundo do meu sonho, deixar-me levar até onde ele me possa levar, dormir acordado nas calçadas varridas pelo vento fértil da imaginação, passear como uma borboleta num amor impossivelmente sem sentido. Quero deixar-me embalar nos segundos primeiros de cada hora com o amor que tenho para dar-te, mesmo que tu, longe, pouco saibas de mim.
Quero apenas sonhar.
11 de setembro de 2009
prelúdio à nº 1
Voltei a sentar-me junto ao zulmarinho. Fiz as pazes é uma maneira simples de dizer que apenas voltei a estar a sentir a maresia, Envelheci ou pelo menos os meus ouvidos já não têm a sensibilidade que tinham para ouvir todas as mukandas que chegam vindas do outro lado de lá da linha recta que é curva. Também pode ser apenas uma falta de vinda aos treinos, um hábito perdido no vagabundear por terras estranhas em que por sorte voltei inteiro como fui apesar de partido como parti. Tentei apagar-me do mundo numa lamentavelmente mal sucedida fuga para a frente. Para já eles circulam ao contrário o que não me dava jeito nenhum e me obrigava a ouvir uns chiar de rodas cada vez que eu queria atravessar a rua. Eu tenho que arranhar perfeitamente a língua deles que a minha eles não entendem mesmo nada. E a palavra preferida deles para mim era What?! num que me obrigava a dizer-lhes que era mais assim a dar para o Charles o meu nome. Mal sucedida também porque quando eu pensava que estava isolado, embora rodeado de gente, lá aparecia em meu socorro uma voz a falar a minha língua. Coisa irritante, com a mania de no imediato falarem mal do sitio. Será que os gregos, os italianos, turcos, indianos, chineses e outros não sei quais tantos,
além de lá irem ganhar dinheiro também falam mal deles? Fiquei na incógnita e nela me vou ficar. Lembrei-me doutros noutras paragens para lá da linha recta que é curva e que fazem o mesmo. Feitios ou maneiras parvas de ser.
Nostalgicamente voltado para reiniciar o que nunca começou ou terminar o que não devia ter começado nunca que é esta viagem no meu eu dolente da voz calada e sabor a sal.