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31 de março de 2010
seguirei, cedo ou tarde. Mas não muito
30 de março de 2010
de ver ao longe
Liguei o computador e verifiquei que tinha logo ali deixado uma série de sentimentos. Era a vez não sei quantas que eu tomava consciência do meu desnudar de alma perante ti. Procurei formas de me esquecer-te, desenhei letras no céu, pintei estrelas na imaginação, fotografei tudo num quase nada, sequei as lágrimas, calei as palavras.
29 de março de 2010
28 de março de 2010
27 de março de 2010
Estádio de sítio
Sanzalando
26 de março de 2010
25 de março de 2010
24 de março de 2010
Como hoje também estou...
No dia 16 de Abril no Centro Cultural das Caldas da Rainha.
No dia 20 de Abril no Museu do Oriente em Lisboa.
No dia 24 de Abril no Cine Teatro Avenida em Castelo Branco.
Sanzalando
23 de março de 2010
22 de março de 2010
Salada de assunto sem motivo
21 de março de 2010
Poesia num domingo ou nada disso
19 de março de 2010
Dia do Pai
18 de março de 2010
Foram chegando
Nas noites de luar, sentados nos vãos de coisa nenhuma, os casais, quase sempre novos, faziam a lista de sonhos e quereres com vontade de que o dia que vai amanhecer lá mais para depois seja um dia de sol diferente. Os seus sonhos, desejavam, tinham de se tornar realidade, assim como a distância que os separava da terra chão deles se tornava em saudade, em lembranças de fome e outras misérias. Era assim como numa matemática fórmula em que a saudade era reduzida à infinitésima parte do sucesso ali alcançado. Nos seus lábios pariam sons que se julgam eram ternuras porque amanhã era mais uma despedida, mais um dia no mar que podia ser calmo ou, algumas vezes, ele ficava tão raivoso que até vinha na vila lhes roubar as pequenas coisas que tinham sido inventadas e que eles por acaso até tinham. As mãos deles, enrugadas e com meiguice de uma lixa talhada pelo sal do mar, lhes acariciava os cabelos, normalmente longos, porque para aquelas paragens ainda não tinham ido as profissões mais delicadas, e lhes faziam promessas dum depois de amanhã muito melhor.
Aos poucos foram crescendo, apareceram professores que ensinavam aos meninos as letras e mais os números de bem calcular e a elas lhes iam ensinando, amigas e vizinhas, novas formas de tricotar e de remendar. Do aparente quase nada foram aparecendo, primeiro os barbeiros, sabe-se lá se eram homens que não aguentaram as ondas do mar, depois as modistas que, copiando as revistas que anos de atraso demoravam a chegar, fabricavam a última moda para os pequenos e cada vez mais frequentes bailes de fim de semana.
17 de março de 2010
inventar o futuro do passado
Deste livro poeirento só falam dos homens do mar. Mas eu não lhe abro para não estragar com as poieiras das novas coisas. Lhe leio apenas com a memória dos que me disseram que um dia alguém lhes contou o que não sei quem tinha lido. Para muitos, estar ali era estar no jardim proibido. Tinham medo das feras, que nunca tinham visto e passariam anos que nem lhe ouviram mas as estórias chegavam sempre bem apimentadas e com um refugado parecia feito a gosto de dar o desgosto de estar ali. Eram tantos barcos novos que haviam rumado da linha de cima que divide ao meio esta bola que parece foi inventado por um de tal Galileu num dia que deve ter respirado uns vapores que outros não gostaram e lhe deram um castigo que durou mais que muitos 100.
Mas se os barcos aguentaram tamanha aventura ainda haviam de provar que aguentavam mais uns tantos anos ali na apanha de peixe para secar e mais não sei que essa parte não me contaram e eu acho ainda não tinham inventado a farinha de peixe nem o oleo de fígado de bacalhau.
Mas uma coisa foi certa, me garantiram, todos estavam virados para o mar. Até as mulheres, mais não seja para verem quando é que eles voltavam e lhes preparar uma refeição quentinha que depois se havia de ver o resultado no povoamento.
16 de março de 2010
Assim me transparentam o meu futuro que foi passado
Vou sabendo aqui e ali, recordando poeiras de livros faz tempo não são abertos, das coisas que te dizem respeito desde o tempo em que eu ainda não tinha sido criado no ventre da minha biavó. Me dizem eles que as casas eram buracos, o mar subia e lhes levava metade. Sempre apenas metade para poderem continuar e recuperar a metade até lha perderem de novo. Se morria sempre do mais no mesmo e sempre uns se salvavam ainda não sabiam nem porquê e já estava outro na barriga para substituir. Assim cresceram famílias que no deserto roubaram areia e ao mar lhe tiravam os peixes para lhes comer, o sal e outras coisas que hoje até parece é normal, mas que na poeira dos livros castanhos de cuidados mil para não se fazerem em pó como o que lhes cobre, me dizem que era coisa muito esquisita. Depois uns tinham mais cabeça e as palavras eram mais fluídas e passavam a patrões e outros que eram da mesma geração e da mesma escola quando ainda nem isso havia continuavam a ser os outros, os braços do trabalho, os que iam para o mar fazia 45 dias até voltarem em casa e fazerem outro descendente. No buraco não havia luz, o rádio ainda não tinha chegado àquelas paragens e os livros ainda não eram impressos se não em caligrafia de deve e haver. Esses dos 45 dias eram os que corriam a costa de sul a norte e vice versa a fazer a cabotagem de leva isto e trás aquilo. No resultado sobrava era mais um filho nos sete que era a conta mais habitual.
É isto que os poeirentos livros me estão a dizer ao ouvido que eu tenho medo de lhes abrir não vou ficar com alergia. Mas que é um diz que disse e não um de ouvi dizer é.
E me estava a esquecer de que era hábito, ainda não sei porquê e acho nem vou saber que isso é muito para mim, rezavam todos os dias três terços de ir à missa no Domingo mesmo que o padre faltasse.
É assim que me transparentam esses passados do meu futuro.
15 de março de 2010
Futuro de ontem
Me atiro nos teus braços como se tu chamasses por mim num constante e docemente tempo. Até parece eu sou frágil, folha de papel que voa no vento leste e se amolece na madrugada de cacimbo como se a preguiça fosse um estado de espírito. Os meus braços, sempre estendidos para ti, o meu olhar sempre a ver-te e um desejo enorme de te ter.
Como eu gostava de voltar a ser menino, brincar descalço no alcatrão escaldante que até parece é líquido, esfolar os joelhos, calejar as mãos em trapezismos no escorrega do parque que nunca mais eu conheci um igual.
Mas me recordam sempre que o tempo não é de voltar atrás e as forças já não são mais como é que eram, os prédios grandes ficaram baixinhos que até parece tudo virou miniatura e a criatura que antes pensava duas vezes ver as garinas lá nos lados do colégio agora olha e pergunta como é que ficou assim mais perto, parece o mundo encolheu.
Mas me atiro nos teus braços só por sede de ser abraçado por ti e com vontade de recordar os teus velhos paludismos, tifas e tifos, diarreias e suores que levaram gente que até parece estavam ali por condenação.
Hoje já não tenho os braços esqueléticos de avôs e avós para me contarem as tuas estórias, as suas lágrimas, as suas vontades de nunca desistirem e hoje, por um mero qualquer ruído se atravessa o mar em direcção a outro canto para além da imaginação.
14 de março de 2010
Tanto mar ou não
13 de março de 2010
por hoje poesei-me
12 de março de 2010
Silêncio, Instante e Sonho
Troca de olhares. Imagino que tenhamos trocado de olhares. A distância não me permite ter esta absoluta certeza. Sei que te atirei o meu olhar o mais rápido que pude quando te imaginei ao longe a olhar-me. Senti uma química, poderá ter sido uma física ou apenas um arrepio. Balbuciei o teu nome. Ao meu lado me olharam com olhos de admiração. Quebrei o silêncio por tão breves instantes que nem eles hoje ainda sabem se foi sonho ou não. Tornámo-nos amantes sem que tu o soubesses. Eu sofrendo e tu seguindo a tua vida em prosperidade e altives. Eu chorando e tu de festa em festa mostrando lantejolas, brilhos e sorrisos. Eu sempre pensei que um dia, distantemente ou não, andariamos de braço dado, olhos nos olhos como se fossemos um apenas. Para ti sempre foi igual, deslumbrante, encantada encantadoramente sem olhares para o meu olhar silencioso que de instante em instante te sonho.
Assim termino, prosamente, a poesia que em silêncio te sonhei em cada instante.
10 de março de 2010
inundado de palavras caladas
Quem é que pode saber se eu estou inundado de palavras caladas? Já perguntei a bruxos, falei com deuses, tentei ler nos astros e em búzios. Respostas foram como elas, silêncios perpétuos, como outros silêncios que aguardo faz anos que sejam rompidos.
Será que calo as palavras que deveriam ser ditas e digo as que estariam melhor se fossem caladas? Enigma. Palavras cruzadas em passatempos de vida. Charadas.
Ao menos, quando estou só, calo em gritaria as palavras que ninguém as ouve, recordo os olhares como eram faz tempo de adolescências esquecidas. Os meus lábios tentam cantarolar os fados, as mornas, as kizombas e os sembas e os sentimentos afogam as palavras antes delas serem ditas.
Quem é que pode saber se eu estou inundado de palavras caladas?
9 de março de 2010
silenciosamente
Deixa estar o silêncio, deixa-me ouvir esta surda dor que vem dali dos lados do coração. Sente-la? É demais para ti se mal sabes que eu existo neste canto rodeado de silêncios. Acelara-me o coração, ouço violinos, guitarras, arpas e outros instrumentos duma qualquer orquestra inexistente, só porque atrás do silêncio parecia-me ter-te visto a acenar-me. Como sempre, quando te encontro, estás de saída, não me vês porque não me olhas num propósito que um dia te poderá sair caro. Mas não quebro o silêncio para te chamar, para te implorar para te rogar. Chamarão por isto amor, eu diria doença.
Sofro-te, mas silenciosamente!
8 de março de 2010
silêncio de memória
Deixo correr o silêncio como se fosse o meu sangue. Veias, artérias e demais pontos estão cheios de silêncio. Nesse silêncio, onde não se encontra hemoglobina, leucócitos e linfócitos, plaquetas e demais corpos e anticorpos, encontra-se a memória, aquela que até parece que me pagam para transportar em cada instante, mesmo que me faça soltar lágrimas, mesmo que me faça querer desaparecer, aquela que me martiriza a memória. Posso esconder-me no mais recatado recanto do circular mundo que ela lá está, agarrada ao meu silêncio, agarrada ao meu corpo. Seja inverno, seja verão, chuva ou faça sol, o meu silêncio trás-me a memória da saudade desse amor eterno. E eu, silenciosamente, tenho que ter a memória viva. Eu sou esse silêncio, quer queira quer não.
7 de março de 2010
Não acordes o ruído
Silêncio, por favor não acordes os medos de ontem nem afugentes as esperanças de amanhã. Não me atormentes a felicidade da memória nem me rasgues o paraquedas dos sonhos. Deixa-me sentir o silêncio e saborear as vitórias que eu imagino que já tive. Deixa-me entranhar na luminosidade silenciosa desta manhã de chuva e dizer que sou um sortudo porque ainda sei sorrir.
Mantem-te em silêncio, por favor, não me acordes desta realidade que imagino verdadeira, em que sinto o perfume da terra molhada, do mato queimado e do suor dos corpos que repousam nas eiras solarengas duma praça.
Silêncio para não acordares o ruído.
6 de março de 2010
através do silêncio
Neste momento de silêncio tropeço em palavras que disse um dia, em ideias erradas que me passaram pela cabeça e soletrei até decorar como se elas fossem realmente boas, em conceitos por mim inventados como se fossem realidades. Afinal de contas eu dou conta da minha realidade, da minha existência, dos ruídos de fundo que emanam dos precipícios em que me coloquei, das coisas felizes em que me inventei, das lágrimas choradas por minha culpa.
Afinal de contas, através do silêncio, vejo que o mundo tem uma cor diferente na realidade, um pulsar diferente da batida do batuque por mim musicado, que a cara fechada não é sinal de tristeza, que a lágrima pode não ser de dor e o grito pode ser de alegria.
Através do silêncio espreito a minha sina, aguardo um chamar, que pode ser silencioso, um beijo na face que pode ser imaginário, uma carícia que deve ser real.
Através do silêncio sopro os quatro ventos e aguardo com paciência por uma palavra simples e pequena.
5 de março de 2010
Silêncio do destino
Dizem que qualquer palavra pode ser reinterpretada por quem a escuta. Penso que com o silêncio se passa o mesmo, depende com quem se reparte. E os olhares? Até se consegue mover almas e receber sentimentos secundários.
Mas hoje, sem palavras, dirigi-me ao lugar onde repousa o destino. É, o destino está ali deitado, num vale verde e silencioso à espera que o seu real proprietário o vá buscar. É o destino do destino. Vasculhei, procurei, li rótulos, uns meio apagados por estarem ali tempo faz muito, e não descobri o meu. Tenho de lá voltar outro dia, assim num dia que tiver todo o tempo do mundo e depois, se o encontrar, só devo ter tempo para ver o destino que perdi. Mas em silêncio viverei o restante destino que sobrar. Vou chorar o destino que me esqueci de procurar mais cedo? Que culpa pode ter ele.
Por lá encontrei velhas lendas que também se esqueceram de ir buscar o destino e estavam destinadas a outros feitos que não aqueles que eu lhes conheci. Encontrei desilusões, atiradas para um canto como que jogadas fora quando o destino foi com o seu dono.
Em silêncio vasculhei, li, chorei e ao sair na promessa de voltar quando tiver outro tempo, pensei, que não sei se ganhei ou perdi, por não ter encontrado mais cedo o meu destino, sei que sofri, mas caramba, também fui feliz.
4 de março de 2010
Uma carícia de silêncio
Porque às vezes as perguntas se fazem por pequenos gestos, eu hoje gostaria de saber do meu amor, pelo que disparei o meu olhar para lá do horizonte e deixei-o fluir sem esboçar nenhum som. A resposta veio num olhar de retorno, silenciosamente, directa ao meu coração, nem afectos nem carícias, sem rosto nem identificação e fez-me sorrir.
Foi um pequeno silêncio tornado carícia.
3 de março de 2010
Silêncio das sombras
A luz trémula dum candeeiro de petróleo faz projectar na parede a minha sombra disforme. Silenciosamente o tempo foi modificando a silhueta, o perfil, a face, a contraface parecendo eu já um contrafeito produto de mim. Mas me olho na parede, onde sobressaem curvas, onde a largura não é mais muito diferente que a altura, e sigo a linha de prumo que pensei um dia havia de seguir. Na verdade sigo-a em câmara lenta ou em parada tantas vezes. Mas na verdade acho que os ímpetos são os mesmos, os gestos afagados apertados, os sorrisos, se calhar já não gargalhados, continuam a ser sorridos. Os perfumes continuam a ser os mesmos, assim como os odores recriados de memória. Se calhar o que mudou foi mesmo o silêncio, a silhueta, o entusiasmo aparentado.
A luz trémula do candeeiro de petróleo apenas vem acentuar alguns dos vectores desta equação interminável, tatuado no corpo nu em formas de rugas, pregas, almofadas e umas ou outras flácidas partes.
O silêncio trás-me de volta às voltas da fala calada, aos desejos desejados e não esquecidos. Pelo menos por mim!
2 de março de 2010
no alto dos silêncios
Sigo os meus silêncios como se estivesse a cumprir uma qualquer promessa, uma recordação, uma memória. Tento dentro do silêncio descansar ainda que as recordações parecem que duplicam, ainda que as imagens memoráveis se projectam com mais intensidade na tela do pensamento. Neste silêncio absorvo o fumo do cigarro que não fumo, saboreio o vinho que não bebi, e apanho os raios de sol que não apareceu por hoje. Vagueio-me de silêncio em silêncio como quem quer viver eternamente neste silenciado instante. Não, não me escondo no silêncio, vivo-o. Se eu fosse um pássaro, subia alto nos céus para em silêncio me rever nos passados da memória.
1 de março de 2010
Silêncios de ver e ouvir
Deixo os meus olhos brilharem como se estivessem enamorados, porque acredito no amor, naquele que às vezes doi, naquele que às vezes nos faz esquecer outras coisas da vida, naquele que às vezes te vêem mesmo na tua ausência.
Ouço o marulhar mesmo não tendo o mar à vista porque sei que lá mais para o longe ele me espera como sempre me esperou, ele me trás novidades como sempre me trouce, ele está ali a acreditar.
Brilham-me os silêncios neste amor de sonhos, realidades, virtualidades, nestes gritos de dor, nestas gargalhadas de alegria, nestas lágrimas que me apatecem chorar por chorar.
Mas afinal de contas, com tanto silêncio já tenho dificuldade em ver e ainda mais me custa ouvir.