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9 de janeiro de 2011

Me confesso e não sei porquê

Eu me confesso. 
Este humilde autor do blog existe. É real, angolano de coração, português por oportunismo, exerce uma profissão por vocação e é pobre por destino.
Tem muita vontade de aprender a escrever, tem esperança, que um dia vai aprender e vai conseguir escrever como gente crescida, coisas para gente crescida e gente curiosa. 
Porém, é bom que diga, que a personagem que quase sempre aparece neste blog não existe, não é baseada em factos reais nem em lamechismo copiados de revistas e outros lugares. É apenas fruto da imaginação deste autor que um dia aprender a escrever como gente crescida. 
Hoje como é um dia como os outros se esqueceu de ter inspiração para imaginar outra coisa para além desta confissão.
Podia calcorrear ruas, estórias de pessoas conhecidas, inventadas e transponíveis em realidades virtuais. Mas a inspiração não deu para mais e a paciência se esgotou num time out de olhar para a tela branca e ver que o mar tinha desaparecido, que as ondas não traziam mukandas da banda nem a banda bambuleava a bunda ao som duma kizomba, nem o sol espreitava por detrás da cinzenta nuvem que entristece a alma e lacrimeja o olho.
Podia contar estórias de caça em que na noite de luar chutou uma raíz a pensar era uma cobra e partiu um dedo e nunca mais foi em caçadas; podia contar a única vez que atirou uma linha com anzol ao mar e mais não fez que apanhar uma pedra que lhe deu cabo da faina; podia falar de tantas paixões, umas correspondidas, outras não e as não sabidas pelas outras partes; podia fazer tanta coisa aqui sentado a olhar este mar que hoje teima em ser uma tela branca. Podia ler a Arquitectura Urbana da Cidade X, a biografia do Herói ou Heroína Y e Z; podia apenas estar aqui sentado a ver se conseguia ver-te com o teu ar de adolescente, o teu sorriso inocente e o teu olhar ausente mas seria mais ima tarde de imaginação porque hoje estás... como direi se não sei?
Eu me confesso que após seis anos de tentar aprender a escrever concluo que não sei se não é melhor parar e deixar a minha boca calada a ver filmes com legendas, porque não me apetece ouvir, apenas ler, porque não me apetece imaginar, apenas ver, porque não me apetece chorar apenas recordar o que atraiçoadamente me vou esquecendo de imaginar.
Pausa. O blog segue dentro de momentos.
Eu me confesso que é mais uma das minhas despedidas. Um dia acertarei como acertarei na vida.



Sanzalando

1 comentário:

  1. Penitência: Continuar a escrever sempre no som da kizomba! Não queiras ser um adulto cinzentão.
    SJB

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