As palavras não saem neste estar de sem voz. Me esforço num repetir que me avermelha a cara que nem a terra de barro vermelho que alcatifava o nosso jardim que era o poiso da família nas tardes de Domingo. Mas o som fica na minha memória como que a me dizer que um dia elas vão sair escritas num colorido livro de brincar. Mas as minhas palavras são sérias, mesmo que não tenham o som monocórdico dum discurso de amor sussurrado na noite ardente para mais tarde esquecer.
As minha palavras me vão dizer que quem ama não quer que tu mudes e se algum dia te disserem o contrário não vão deixar de te amar por isso. As minhas palavras sem som agora servem de cortina que filtram os raios de sol que agora não nasce com o brilho doutras horas nem pairam no ar límpido duma aurora tropical. As minhas palavras não têm som, mas têm sempre o meu significado como sempre tem significado o teu pôr de sol, o teu sorriso mesmo não sorrido para mim, a tua alegria cantada mesmo que não ouvida por mim.
As minhas palavras sem som são a ponte terminável do meu caminho interropido temporariamente.
Sanzalando
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