recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de janeiro de 2012

Reflexões facebookianas (16)

Sendo a vida tão frágil eu não me vou preocupar 24 horas por dia com ela. JCCarranca reflectindo enquanto vê os resultados da bola

Porque existe aquela dor que nenhum remédio faz passar? JCCarranca reflectindo enquanto pões gelo no copo


Porque será que encontrar é tão difícil e perder é num ápice? JCCarranca reflectindo enquanto caminha atrás do sol de inverno

Se a saudade não tem braços, porque é que ela aperta tanto? JCCarranca reflectindo enquanto revê de memória o tropical calor


Eu faço da memória um lugar seguro. JCCarranca reflectindo enquanto procura o caminho para casa


Vou começar a sorrir em vez de reclamar. Problemas, sempre haverá, e acho que não devo perder o meu tempo a reclamar, mas sim passar por eles sorrindo como mais um obstáculo vencido. JCCarranca reflectindo enquanto espera pela cerveja gelada que tarda em chegar

Agora parei para perceber: amor é um problema que todos querem ter. JCCarranca reflectindo enquanto espera por um elevador


A lembrança tem um gosto doce porque a memória tem a mania de se esquecer. JCCarranca reflectindo enquanto tira capim do jardim


Tenho sono no trabalho, no carro, no sofá, mas quando me deito ele muda para insónia. JCCarranca reflectindo enquanto procura um livro para ler

Na infância fui tão ingénuo que pensei que crescer seria bom. JCCarranca reflectindo nos trabalhos em que se mete


Nada do que foi será novamente. JCCarranca reflectindo enquanto olha para a sua sombra enquanto caminha



Sanzalando

30 de janeiro de 2012

às vezes com tantas vezes

Ás vezes eu tenho uma vontade enorme de sair por ai sem rumo, sem direção, só com aquela minha mochila velha nas costas, faz conta sou um jovem sem início de rumo traçado. 
Sabes, eu quero por momentos esquecer estes meus problemas que tanto me incomodam, quero por momentos fingir que as pessoas sentem a minha falta. Quero um tempo pra mim, bem longe daqui mais perto dum ali qualquer. Quero embarcar numa boleia com alguém que nunca vi na vida, mesmo sabendo o perigo que possa correr. Na verdade, eu quero um pouco de perigo na minha vida, assim um choque electrico, um abanão um acordar violento. Quero um pouco mais de alegria, quero ver pessoas novas, novos lugares, novas línguas, novas músicas, tudo novo.
Eu sei que por momentos vai ser bom e que não me vou arrepender. Eu espero. Esta rotina é tão cansativa, estes problemas, estas pessoas, isto tudo, já está cansando num eu que está cansado. 
Preciso sair um pouco e voltar, só quando tudo isto já estiver resolvido na minha memória, no meu sonho e na minha realidade

Sanzalando

bicicleta 13

Sanzalando

29 de janeiro de 2012

mudei porque ela me moldou

Transpirado de tanto exercício, porque hoje no parque infantil fiz piruetas no escorrega grande, patinei no ringue, quase voei no cavalo de baloiço e no baloiço propriamente dito eu acho sonhei ia fazer um 360 graus. 
Afinal de contas eu era um menino deslocado. Orfão de pai na idade em que apenas tinha uma ténue ideia da vida, cedo comecei a bulir e a gastar nos AC que acho era o que melhor havia na vida de então. Acho que o bilhar também era brilhante. Às vezes era rude mas quase sempre um doce engano de gente. 
Um dia lhe conheci e o 360 se fez na vida. Ela, estudante aplicada e pouco apaixonada nas relações, porém dura nas traições e vagabundagens que fazia num cada vez mais raramente, me fez rodopiar que todos me passaram a olhar com outros olhos e a ver que afinal eu existia para além da vagabundagem. Escondidamente ia escrevendo. Versos, dizia eu. Minha mãe os lia e bem me dizia ao mesmo tempo que ia confirmar as notas às escondidas, não estivesse eu a inflacionar. Esta palavra acho ainda não tinha sido inventada mas agora me falta uma qualquer velha palavra para descrever essa desconfiança. Mas surpresa, a nota falada era a verdadeira e já não era preciso contar estórias de enganar. Os versos saiam num diariamente, positivos, tristes, melancólicos ou difíceis de explicar e classificar. Mas a minha mãe do alto da sua baixeza me elogiava. 
E a sebenta encarnada se ia preenchendo mesmo com ela a negar um amor directo. Mas o olhar, as palavras poucas então ditas eram interpretadas como aguarda que um dia o dia vai chegar. E outro poema nascia como nasciam os olhos negros brilhantes enevoados pela lágrimas que caiam em surdina no entardecer triste da volta pela cidade.
Todos os dias eu lhe pensava e lhe escrevia. Um dia lhe vou dar a sebenta vermelha e ela não vai ter coragem de dizer não. Mas disse nim. Acho não acreditou na boa fé das palavras pesadas e medidas escritas em letra redonda de qualquer alguém pode ler. Mas não me desligou o sorriso em cada cruzamento de olhar. Mantive a esperança e mais letras soltas fui rabiscando em papeis avulsos que fui perdendo com o tempo. Já não lhes coleccionava porque sabia não tinha coragem para voltar a lhes dar.
Sonhei sonhos de abraços e beijos e aos amigos contei as amarguras desse amor. Eu tinha mudado porque ela me tinha moldado.
Acho, hoje passado tempo que dava para cobrir de pó um deserto de sonhos, eu acho ela tinha medo que eu lhe fizesse com que ela deixasse de ser o centro. 
Guardei o sorriso por trás duma mascara inexpressiva, segui o rumo da vida que tinha desenhado nos poemas coleccionados e aprimorado nos que estavam avulso e cheguei longe do que a minha mãe alguma vez tinha imaginado.
Por acaso, e me lembrei agora, nunca perguntei na minha irmã se ela me tinha imaginado voar assim no alto dum monte como homem alado dos livros de heróis.
Mas lhe perdi o sentido e a visão. Todos os dias, faz anos, lhe penso e me imagino largar tudo para lhe abraçar sabendo que ia ter como barreira um muro de indiferença maior que a dita Muralha da China. Mas pensar não é pecado e não é doença contagiosa por isso não faz mal.
Todos os dias me deito sobre um sonho que não realizei.


Sanzalando

Pôr do Sol - 32

Sanzalando

28 de janeiro de 2012

labirinto da minha lucidez

Me ensinaram que saudade é essa coisa que não tem braço mas aperta que parece é polvo, e dói ainda por cima. 
Mas quando é que vai chegar a hora de te viver outra vez? Tá demorada que nunca mais chega. Acho se perdeu nos labirintos da minha lucidez ou então é esta ansiedade que me desfaz em amarguras e me embrulha os sonhos em papel parvo. 
Porque é que me deixei embalar nos devaneios de te voltar a ter?
Na verdade, cada vez que eu fecho os olhos, eu te sinto. O teu perfume, eu cheiro. O teu calor, me transpira. Acho até que eu de olhos fechados consigo até sorrir.
A minha rua é a subir mas isso não é nem obstáculo para a gente correr, saltar o muro do quintalão, pisar os melões que ali repousam ou ir buscar tabaibos no cato que está encostado no muro do outro lado.
Abro os olhos e o cinzento nevoeiro aperta a dor no peito e quase é de urgência que eu lhes fecho outra vez. Volto a sentir a tua areia quente feita pele num sonho que sonhei já tanta vez. Quero me sentar no teu colo, ouvir o teu vento, sussurrar no teu ouvido as mais belas canções de amor que ainda não foram pensadas.
Quero naufragar no teu seio, sentar num jardim e te falar de mim. 
Ai o peso das palavras que me pesam na alma.
Me deixa sorrir de olhos abertos e me encher de carícias.
Saudade, pesadelo.
Mas escreve num teu canto qualquer que eu te vou ter. Tarde ou cedo!



Sanzalando

bicicleta 12

Sanzalando

27 de janeiro de 2012

era feliz e não sabia

Os cabelos não têm mais o brilho do antigamente, nem a cor é mais a mesma.As imagens parece levaram uma camada de cacimbo na memória. É, custa mais lembrar os nomes dos putos da rua, que jogavam à bola, que brincavam aos cowboys, polícias e ladrões, garrafão ou trouxa lavada. Que altura tinha na altura? Isso era mais importante? Só queria ser mesmo era ser o maior, o melhor outras vezes o pior, dependia da circunstância.
Engraçado. Quando somos crianças, putos vadios de ar sério e respeitador,queremos tanto crescer. Um dia vou ter um carro. Vou comprar uma casa, pagar as contas sem ter que cravar na kota, sem ter que ter música na ponta da língua para cantar a canção do bandido. Nessa altura não sabia nem imaginava que existia essa coisa de chamada problema, esses sentimentos que fazem chorar, sofrer calado.
Agora estou a pedir mais o quê? Pedir que volte a ter mais a idade do fácil viver, do cair da bicicleta e esfolar os joelhos num não faz mal que vai curar e esquecer? Do tempo em que não faz mal se correu mal, do esconder atrás da esquina e espreitar ela vem ali. 
Tou a imaginar eu quero voltar ao tempo em se eu chrasse o mundo à minha volta ia fazer tudo para eu rir outra vez.
Sim, eu queria voltar ao tempo em que era feliz e não sabia.


Sanzalando

Médicos - hoje estou aqui de outra forma de estar

Os erros médicos, a cultura de negação e vergonha, e a necessidade de ambientes de trabalho mais humanos e com menos horas. Olhamos para os médicos como salvadores, temos de olhar para eles como o que são: seres humanos, que se cansam, que se irritam, que têm problemas em casa.




Sanzalando

24 de janeiro de 2012

Afinal de contas

Me deixo levar na sonolência dum pós refeição, talvez pesada demais para a idade ou dia, talvez indigesta para tantas horas de fraqueza ou apenas porque sim. Na verdade me apetece dormir a sesta, mas os olhos não se fecham e o pensamento não pára. Aliás, acho sempre fui assim um pouco um poço sem fundo, contrariamente  inverso à razão de ser, num ar que não demonstra nada e galga memórias intermináveis como se fossem uma escada rolante. 
Hoje não é para dormir e vou fazer mais como? 
Me deixo ir com a corrente dos pensamentos e vejo que depositaram em mim tantas esperanças que eu não sabia ser capaz de suportar e esperaram que eu devolvesse imagens coloridas como se fossem borboletas de imaginação escritas em letra legível. Como posso eu me transformar no que essas pessoas me imaginaram? Acho impossível. O normal é que eu logo devia ter dito que era incapaz e deixar-me dormir até tudo estar esquecido e as letras soltas se terem extinguido num esquecimento colectivo. Seria mais humano, da minha parte. Mas tentei. Se tentei. As letras saem, descoloridas, apagadas algumas, desconexadas outras e sem rima tantas mais.
Afinal de contas que penso eu?





Sanzalando

21 de janeiro de 2012

Reflexões facebookianas (15)

Às vezes tenho a sensação que nada faz sentido. JCCarranca reflectindo enquanto conduz em sentido contrário




As crianças de hoje têm tecnologia, nós tivemos infância. JCCarranca reflectindo na sua maturidade mental




Às vezes preciso que alguém me mostre o lado bom da vida. JCCarranca reflectindo enquanto limpa os óculos




As únicas coisas que realmente ainda são eternas, são as lembranças que ainda tenho. JCCarranca reflectindo enquanto procura o carro




Afogar as mágoas é bom, mas afogar quem as causou é muito melhor. JCCarranca reflectindo num momento de descontracção




Quando a gente quer mesmo, quando passa realmente a acreditar, tudo se torna possível. JCCarranca reflectindo porque ainda acredita no pai natal




De uma forma ou de outra existe uma pitada de graça em cada dia. JCCarranca reflectindo enquanto bebe um café




Serei feliz, nem que seja acidentalmente. JCCarranca reflectindo enquanto desliga a TV




Bipolar é o amor que nos faz sorrir e nos faz chorar. JCCarranca reflectindo enquanto procura por um busca-polos



Tudo serias mais fácil se soubéssemos o porquê. JCCarranca reflectindo sobre a ignorância




Eu queria tanto estar noutro lugar. JCCarranca reflectindo sobre a falta de espaço




Pouco tempo quanto tempo é? JCCarranca reflectindo porque não tem tempo para tanto




A imaginação é a minha primeira fonte de felicidade. JCCarranca reflectindo porque quando está triste deixa de estar.


Sanzalando

20 de janeiro de 2012

Divagando

Não vou desistir de sonhar só porque há gente que não acredita em sonhos.

foto de Eric Lafforgue no Flickr.
Sanzalando

19 de janeiro de 2012

repouso-me de ti

Sentado repouso numa esplanada da vida. Bebo um café como que para me aquece ou mesmo apenas para ter como que me entreter. Perfume perfeito brota da chávena e eu pensativamente me deleito num ar de quem sabe o que faz.
Mas o que me trouxe aqui nem foi o calor da esplanada, nem o perfume e nem o café. Foram apenas simples memórias que me fizeram vaguear à procura do lugar onde moras mesmo não sabendo quem és, mesmo que os meus olhos opacos me façam ver-te apenas de lembrança e numa memória antiga fico a pensar se tu sabes que eu penso tanto em ti.
Atrás da tua imagem corri mundo, desenhei mapas em letras soltas, viajei em aviões de papel e em garrafas mandei mensagens. Por tua imagem ouvi palavras doces, outras amargas, outras gritadas e outras escritas em lágrimas de sangue. Pela tua imagem sonhei acordado sonhos de embalar e chorei pesadelos de sobressaltar.
Aqui, sentado, saboreando o perfume dum café dou comigo a repousar-me de ti.


Sanzalando

18 de janeiro de 2012

encruzilhada solitária

Vou deambulando ideias atrás de pensamentos e recordações. Me deixo embalar e depois não sei onde terminou a realidade e começou a minha imaginação. Tás a ver, assim como eu te ter reencontrado quando nada fazia prever, num achar que nos iríamos encaixar num perfeitamente perfeito par. Essa ideia foi crescendo, esse amor ultrapassou tantos limites que se tornou ilimitado. Me esqueci teus defeitos, tuas irritantes manias de grandezas subtis e andares gingão entre brigas de mentiras e verdades banais. 
Hoje não sei onde estou, se na realidade se na ficção porque não consigo apagar da memória o tanto que temos para construir, planos amarrotados, inclinados e quem sabe se talvez rabiscados em folhas de papel inexistentes.
Hoje dói só de pensar que nada projectado se tornou vida, que a saudade teve que ser reprimida, que os abraços tiveram que ser adiados.
Mais logo sorrio quando, antes de adormecer o meu pensamento for dirigido a ti.
Hoje dói porque não consigo preencher este espaço vazio que me assombra e que nem a lembrança do teu perfume faz apaziguar.
Mais logo sorrio quando me lembrar da tua sombra num dia de sol.
Se calhar doía se eu estivesse contigo, mas a certeza é que dói se não estou. Gritando ou em silencio, aos insultos ou aos beijos, abraçados ou empurrando eu só queria estar do teu lado, viver a tua vida e me deixar embalar na tua música.
Hoje dói ser fantasma de mim, ser personagem principal duma estória que não escrevi.
Logo sorrio quando lhe inventar um final feliz.


Sanzalando

16 de janeiro de 2012

sorrio por amor, ou não

Sorrio para não morrer de amores.
Me contaram, faz tempo, uma estória onde o amor não era derrotado nem por espadas, canhões ou outras armas de destruição passiva. Só o sofrimento matava o amor, tornava-o vazio, solitário e quem sabe azedo. Nessa estória, os soldados sorridentes venciam corpos invisíveis carregados de nada, olhares cegos, faces sem mímica. Os derrotados caiam num ápice porque não sabiam a força que o amor pode ter.
Pouco mais me lembro da estória e parei para ver, se a minha estória, tinha algo de comum. Não venci a guerra mas não sofri de amor.
Digo eu, porque sorrio.




Sanzalando

14 de janeiro de 2012

queria

Eu queria protestar, gritar e insultar em vez de ficar triste. Sair partindo a loiça em vez de esconder as lágrimas. Eu queria usar as palavras como se tivessem uma lamina.
Eu queria, mas esse não ia ser eu e as ondas do mar se deitariam como se dum lago elas fossem.
Eu queria, mas a minha explosão é apenas de palavras transparentes escritas num vidro e guardadas na memória.
Eu queria, mas sem deixar de ser eu e isso eu sei é impossível.
Um dia, mais cedo ou mais tarde, eu conseguirei caminhar direito sem ter tido necessidade de mudar o eu.
Eu queria fechar os olhos e continuar a ver o que eu gostaria de ver.
Um dia eu vou conseguir ver, de olhos abertos ou fechados.






Sanzalando

13 de janeiro de 2012

último capítulo do livro que não escrevi

Era Janeiro. Só podia ser em Janeiro. Porque é que não aconteceu noutro mês? Mas não, foi hoje e que é que eu podia fazer mais?
Faz mais coisa menos coisa, para não ter precisão de relógio Suíço, 30 anos que trocámos as últimas palavras. Claro que aqui também tem imprecisão. Podia dar a ideia que tinha havido diálogo. Mas foi só mesmo uma pessoa a falar, como que a fazer um ponto final num sonho lindo que parecia estava a começar de continuar desde lá de muito longe, quando o biquini era azul, o guarda sol era laranja e a praia tinha pica-pica. 
A vida foi correndo no seu sobe e desce de cada um, sem cruzamentos, entroncamentos e outras coincidências desejadas.
Hoje, motivos profissionais me fizeram estar a cinco, dois, um metro. Por duas vezes reparei que me olhava. Acho fui medido de alto abaixo e largura também. Os adjectivos pensados não sei nem lhes consigo imaginar. 
Mas eu lhe vi e me passaram pela cabeça uns quantos fotogramas de memórias e fervilharam os pensamentos num que vou fazer agora?! 
Rapidamente decidi que lhe ia dizer olá. Não mata, não ofende e só pode ter troco de silêncio.
Mas ali resolvi improvisar e lhe perguntei se podia cumprimentar.
Me olhou, acho sorriu, e me respondeu que não me conhecia.
Pensei 30 anos me mudaram e afinal ela quando me olhou estava a pensar que vagamente podia conhecer mas sem se lembrar de onde. O tempo muda a gente e apaga lembranças.
Soletradamente lhe disse o meu nome.
Me respondeu outra vez, sorrindo, não conheço, não cumprimento estranhos.
Fui no meu sótão de pensamentos descobrir o que fazer naquele momento. Acho colei um sorriso na cara, se é que tinha algum disponível de momento, e lhe disse desculpe-me o atrevimento, enquanto a vi partir num rápido virar-me de costas, sem eu saber se ela sorria ou não.
Especado, olhando e sorrindo feito parvo, vi que tinha sido varrido duma memória dum livro que não tive tempo de escrever.


Sanzalando

11 de janeiro de 2012

Reflexões facebookianas (14)

Acabei de me fazer perguntas. Tenho medo das minhas respostas. JCCarranca reflectindo porque reflecte tanto




Se eu fosse o tempo eu fugia deste mundo. JCCarranca reflectindo enquanto olha para o relógio




O passado é uma lição para reflectir, não para repetir. JCCarranca reflectindo enquanto está sol de inverno




Eu não me esqueci, só acho que não vale a pena relembrar. JCCarranca reflectindo sobre o que fazer amanhã




A saudade é invariável - rasga, machuca e dói sem parar. JCCarranca reflectindo enquanto procura um livro para ler




Será que eu prefiro tentar voar ou apenas ver os pássaros voarem? JCCarranca reflectindo enquanto saboreia a nostalgia




Me importo menos e vivo mais. JCCarranca reflectindo enquanto olha o mar bravo




Às vezes a vida é dura, outras não dura nada. JCCarranca reflectindo enquanto ouve as notícias




Eu posso ter muitos defeitos, mas sei dar a mão a um amigo quando ele mais precisa. JCCarranca reflectindo enquanto olha para a televisão




Eu sonho tanto, amor, que quase acordo ao teu lado. JCCarranca reflectindo em noite de insónia


A minha graça é poder saber que me procuro e é saber que tem alguém que tenta me descobrir. JCCarranca reflectindo enquanto não atente uma chamada não identificada no telemóvel




Não importa o que veio, não importa o que foi. Mas devia de haver um intervalo entre um ano e outro. JCCarranca reflectindo sobre o trabalho




Sanzalando

10 de janeiro de 2012

um filme de memória

Deixo as imagens correrem no meu cérebro. Faz conta estou a fazer um filme de memórias. Lembro nomes, caras, situações e outras coisas tantas que podem ter acontecido ou não. Me lembro apenas e não releio as legendas. Na verdade estou preocupado porque posso acabar-me num instante e não ter vivido o tempo necessário para fazer todos os filmes que eu queria ver.
Fujo de tumultos, me embrulho nos silêncios que quero ouvir e me enrosco na solidão para ter uma imagens mais nítidas deste filme.
O teu sorriso me pareceu de Mona Lisa. A tua ausência se assemelha a uma madrugada de nevoeiro. O teu silêncio lembra-me simplesmente tu porque sempre foi esse o teu diálogo comigo.
E as imagens correm no meu cérebro como um filme que faço de memória, usando as ruas que percorri para te conhecer, as pessoas com quem falei e algumas com quem cresci.
Um dia, se tiver tempo porei as legendas para quando a memória falhar eu ir soletrando nome por nome num fim de dia em cada lugar.


Sanzalando

9 de janeiro de 2012

Janeiro

Deitado na areia, aproveitando o sol de inverno, me deixo embalar em imagens de memória que imagino estejam do outro lado de lá da linha horizontalmente curva que vejo desde aqui. 
É preciso fechar os olhos para ver algumas verdades. 
Faz tempo que Janeiro, qualquer Janeiro, me fecha portas e me perco em encruzilhadas e labirintos imaginados da real vida. 
Aproveitando o sol de inverno, deitado na areia, quebro-me, desfaço-me, deixo doer-me a alma e tento apagar este Janeiro de modo que não seja um igual a aos outros tantos que me lembro assim num sem esforço. Janeiro deve ser mês de dívida da vida porque sempre lhe pago caro, sufocantemente caro.
Janeiro, deitado numa ravina, não me fazia falta nenhuma hoje.


Sanzalando

7 de janeiro de 2012

Prefiro





Sanzalando

enlouquei

Enlouquei. Só póde. Deve estar a precisar tomar remédio e em dose dupla. Não percebi que o tempo passou e que eu não mudei. Agora não adianta, já não tem lutas capazes de cortar a rotina e de parar o tempo que me falta para recuperar a mudança que eu devia ter feito.
Enlouquei e já não encontro mais as palavras que definam os sentimentos que deixei o tempo amarelecer. Eu pensava, qual adolescente, que a imortalidade era a minha sina. E o tempo passou e eu não lhe acompanhei e mesmo sendo esta uma verdade verdadeira eu ainda preciso de aventuras que me façam crescer.
Enlouquei e esqueci a minha estória futura, a certeza das palavras escritas num amanhã adivinhando o futuro, as pessoas novas que conhecerei, os sentimentos novos que sentirei ou simplesmente o orgulho de ser eu nesse presente futurado.
Enlouquei e passei a pensar duas vezes antes de me aventurar, antes de medos e incertezas me afundarem em dúvidas e me apagarem os sonhos que tão delicadamente sonhei.
Enlouquei




Sanzalando

6 de janeiro de 2012

tropecei numa ideia

Tropecei numa ideia e ela teima em não me largar. è chamada a ideia fixa. Faz horas que está para ali colada num canto do pensamento com um piscar de alerta a me recordar a sua presença. Tanto tempo tem passado, faz conta o tempo é água dum rio sobre uma ponte, que eu não sei quantas vezes prometi que no início do ano isto e aquilo. Esta ideia acho vem ano após ano me rasteirar num atraiçoado momento de distracção. 
Por ela já gargalhei, chorei, voei, corri, sofri, amei, briguei e aprendi mil coisas que nunca tinha nem sonhado. Por ela adiei-me vezes sem conta me esquecendo que eu vivo.
Hoje, num repente, ela me tropeçou num foi de propósito, quase de certeza. Doeu num magoar de sem fim.
Hoje, tropecei na ideia de voar até no lugar onde ficou a placenta que me agarrava na minha mãe antes de eu ser gente que sou.
Hoje tropecei no acto que nasci.
Hoje entrei na minha realidade.


Sanzalando

5 de janeiro de 2012

VIVO MAIS





Sanzalando

vagueando palavras soltas

Vagueando nas imagens da memória, meio a dormir meio acordado e, se ainda sobrasse alguma outra parte, estaria assim numa de ar a ver de cima, que afinal o mundo não é cor de rosa nem tem cores berrantemente garridas. O mundo é cinzento, preto e branco ou num outro caso particular é preto puro. Escuro de ser noite a qualquer hora do dia. É, me olho à volta e vejo quÊ? Nada. Isolamento total. 
Ser humano é bicho difícil de entender. Eu te entendo, dizem-nos. Mentira. Entendem nada, é mesmo maneira de dizer cala a boca e não me xateia e assim a gente olha à volta e reconhece o silêncio de companhia.
A dor vai passar. Vai quando? Tem dor de década que ainda não passou. Abrandar pode ser que sim, mas passar num tem maneira de dar fim nessa dor de saudade que nem abraço melhora.
Vagueando me termino sem saber o que é amor, essa coisa que a gente sente mais quando nos tiram num arrancar de violência.

Sanzalando

4 de janeiro de 2012

soprando poeiras

Desviado do mundo, apaticamente vagabundeando pensamentos por ruas e vielas duma vida de memórias ou becos sem saída, subidas de cortar a respiração, travessas e cruzamentos não assinalados sei que dói. Sei que é horrível. Mas se parece que não aguento, aqui estou me aguentando num aparente explodir interior e numa serenidade exterior que não se revê em fumo ou explosões. Mas na verdade apetecia-me abrir um qualquer fecho e sair do meu corpo num deambular invisível por aí, até encontrar um lugar sereno para repousar. 
Mas sendo impossível, me deixo por aqui, desviado do mundo, vagabundeando pensamentos e soprando poeiras das memórias que a memória ainda não me atraiçoa. Um dia eu vou dar certo e de certeza vou sorrir a doce gargalhada de gente feliz sem lágrimas.



Sanzalando

2 de janeiro de 2012

nós desatados

Olho o teclado como quem procura palavras para escrever. 
Recordo tantas páginas escritas, muitas delas em tinta de lágrima, outras em gargalhadas forçadas e outras poucas verdadeiramente felizes. Recordo estórias, a minha estória ou História com cabeça tronco e vida. Mas porque quererei eu fazer um balanço? A minha vida foi um balancé em que completei com nós. É verdade. Uns dias optimista, outros não, outros assim e outros sei lá. São nós, os dias da minha vida. Plural de nó, baraço embaraçado, complicado, difícil de desfazer , às vezes com defeito. Porque então quero eu fazer um balanço? Por ser moda ou eu dar importância a insignificâncias?
Teria tantos retratos para mudar, tantas palavras para apagar e tantos sorrisos para sorrir, se eu estivesse interessado em fazer um balanço. 
Olhando bem para o teclado decido: vou plantar fé para ver se colho alguma coisa de jeito num dia qualquer. Tudo junto, bem misturado, desisto deste balanço e contemplo alguns nós que deixei por desatar.


Sanzalando

1 de janeiro de 2012

Reflexões facebookianas (13)

Sinto que os dias passam mais rápido. Sinto que cada vez sou mais lento. Sinto que cada vez preciso de mais tempo. Sinto-me cada vez mais contrário ao recomeço. JCCarranca reflectindo enquanto sente capacidade para isso.




O amanhã de ontem foi à pouco. JCCarranca reflectindo enquanto acerta o relógio




Das palavras, eu gosto. Odeio as promessas vãs feitas através delas. JCCarranca reflectindo enquanto vai arquivando papeis




O amor não vem embrulhado em papel de presente. JCCarranca reflectindo enquanto limpa a casa

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos. JCCarranca reflectindo enquanto espera que alguém atenda o telefone do outro lado




Cantarei, beberei, gritarei, beijarei e amanhã quando amanhecer direi que tudo voltou ao normal. JCCarranca reflectindo enquanto se prepara para ver algures as horas a passarem

Queres um concelho ? N-U-N-C-A desiludas alguém que seria capaz de dar a vida por ti. JCCarranca reflectindo sobre os 365 dias que faltam para terminar o ano

Sanzalando