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24 de janeiro de 2012

Afinal de contas

Me deixo levar na sonolência dum pós refeição, talvez pesada demais para a idade ou dia, talvez indigesta para tantas horas de fraqueza ou apenas porque sim. Na verdade me apetece dormir a sesta, mas os olhos não se fecham e o pensamento não pára. Aliás, acho sempre fui assim um pouco um poço sem fundo, contrariamente  inverso à razão de ser, num ar que não demonstra nada e galga memórias intermináveis como se fossem uma escada rolante. 
Hoje não é para dormir e vou fazer mais como? 
Me deixo ir com a corrente dos pensamentos e vejo que depositaram em mim tantas esperanças que eu não sabia ser capaz de suportar e esperaram que eu devolvesse imagens coloridas como se fossem borboletas de imaginação escritas em letra legível. Como posso eu me transformar no que essas pessoas me imaginaram? Acho impossível. O normal é que eu logo devia ter dito que era incapaz e deixar-me dormir até tudo estar esquecido e as letras soltas se terem extinguido num esquecimento colectivo. Seria mais humano, da minha parte. Mas tentei. Se tentei. As letras saem, descoloridas, apagadas algumas, desconexadas outras e sem rima tantas mais.
Afinal de contas que penso eu?





Sanzalando

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