Estou sentado sob as casuarinas ao lado do Clube Náutico. Me apetece ficar na sombra deste verão imaginário que me aquece a alma, ao mesmo tempo que vejo o comboio que vai no porto buscar carga que deve ser para levar lá no planalto. Me refugio, me protejo, me distraio e ao mesmo tempo vou pondo a minha vida em tempo real, sem falhas de passado a amarrotar um qualquer futuro ou um presente esquecido na lembrança apagada.
Será que tem bebida, comida ou carícia que apague a dor da saudade? Mesmo que seja a saudade da gente mesmo? Mesmo que seja a saudade imaginária?
Aqui sentado, perfumado de resina, me dizem é pinheiro, deslembro de pensar no dia de amanhã, esquecer a embriaguez do futuro sem as memórias do passado.
Aqui sentado, sob as casuarinas eu poderia dizer mil vezes que te amo porque o comboio a diesel não te ia deixar ouvir, por mais que eu gritasse.
Aqui sentado, ainda consigo ver-te a jogar ténis do outro lado da rede mal escondida pela trepadeira, respiro resina com perfume de pinheiro, vejo os comboios a passar um de cada vez e ainda aqueço a alma com o imaginário reinventado dos sonhos de menino que amenizam a dor da saudade
Sanzalando
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