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7 de fevereiro de 2012

roubaram-me o tempo

Sentado sozinho na esplanada da Oásis vou-me revendo até ao dia que me lembro. Antes desse dia, acho, eu não existia. Na verdade se existisse eu me ia lembrar. Mas aqui sozinho me apetece gritar que fui roubado. Não o faço porque não quero que o Sr. Reis venha de sobressalto saber o que se passa. Mas na verdade tenho sido roubado e agora aqui tomei consciência. Me tiram tempo ao tempo da minha vida e não me dão a vida de volta, porque não me devolvem o tempo desperdiçado nas não essenciais causas da vida. 
Amei, amei-a e perdi tempo nesse amor adolescente e noutros amores seguintes. Tanto tempo que eu perdi em coisas tão sem jeito que não deram certo, nem errado e nem aconteceram.
Sentado na esplanada da Oásis, sozinho, navego por tempos perdidos que me cansaram mesmo sabendo que ia a lugar nenhum. 
Fui roubado, Sr. Reis, mas não aqui na esplanada da Oásis onde a esta hora me sento sozinho. Roubaram-me o tempo e eu aqui sozinho não consigo gritar para ver se encontram o ladrão. Mais grave é que acho me mataram o tempo roubado.
Sabe, Sr. Reis, quando a gente só tem olhos que brilham quando a gente lhe olha? Quando o coração bate rápido quando a gente lhe vê? Quando a transpiração molha todo o corpo quando nos falam? 
Roubaram-me esse tempo.




Sanzalando

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