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5 de fevereiro de 2012

me chove na memória

Caminho até à Torre do Tombo. Vou só ver a pedra que é parede da sede do Ginásio da Torre do Tombo. Me lembro do meu avô dizer que era o clube dele. Eu não me lembro disso ser clube, mas na parede está lá escrito sede do ginásio. Acredito e venho aqui só para recapitular um ou outro lado da minha vida. Não é raro eu vagabundear pelas ruas, como não é raro eu ser jogado num canto da minha memória e adormecidamente descansar até me vir buscar para uma emergência. Caminho para me esconder do mundo, para ver o carro dourado passear no fim de todas as tardes, porque sou bobo, porque apenasmente não tenho mais nada para fazer. Caminho nos caminhos de memória, prédio de 1 andar, verde garrido, sede do Ginásio Clube da Torre Tombo e depois viro e vou na minha escola primária que fica ao lado da ruína inacabada do ringue do Ginásio e me perco de mim nos momentos que se seguem porque me lembrei que já ninguém olha para mim porque a noite caiu repentinamente e à noite ninguém mais anda na rua excepto os perdidos como eu que não se encontram nas lembranças recentes. Estas se calhar fugiram em busca duma protecção afim de não serem ignoradas eternamente como são as da memória que só agora as vou buscar.
Regresso a casa e aos poucos a memória recai no esquecimento e eu volto a ser o eu desajeitado, desarrumado e solitário que navega de lembrança em lembrança até nas escolhas erradas dos ventos do coração.
É melhor me abrigar porque hoje é dia de chover na minha memória.

Sanzalando

1 comentário:

  1. As lembranças recentes chamam-se actualidades, acho... as do antigamente são memórias. SBJ

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