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10 de fevereiro de 2012

no depósito de água

Me sentei no depósito de água ao lado do aeroporto. 
Da carreira de tiro me chega barulho que me incomoda. Não vejo pombos, pelo que devem estar a dar tiros nos pratos. Tem gente para tudo e me esqueço.
Mas eu aqui, na sombra comprida do depósito de água, pego num papel e num lápis e finjo estou a ver uma enorme pradaria verde, pássaros cantando hinos ao sol, quando os meus olhos mais não olham que areia a perder de vista e pedras a repousar ao sol. 
Escrevo o que a minha imaginação vê e esqueço o olhar dos meus olhos, como se estivesse a escrever uma carta de amor. É tão piegas escrever uma carta assim quando não se tem destinatário e quando se sabe que não se vai por no correio que a minha pequena cidade tem apenas um. Mas escrevo tentando romancear a areia do deserto como se fosse um verde campo a perder de vista, o céu mais azul fosse um cenário, um postal ilustrado de cascatas e as nuvens fossem pérolas adornado o sol brilhante. 
Aqui na sombra do depósito de água, com um papel e um lápis, escrevo uma carta com todo o amor do mundo. como se pudesse mudar a minha vida de amanhã.
Aqui, no depósito de água, perto do aeroporto me apaixonei por ti outra vez.



Sanzalando

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