Me sentei no depósito de água ao lado do aeroporto.
Da carreira de tiro me chega barulho que me incomoda. Não vejo pombos, pelo que devem estar a dar tiros nos pratos. Tem gente para tudo e me esqueço.
Mas eu aqui, na sombra comprida do depósito de água, pego num papel e num lápis e finjo estou a ver uma enorme pradaria verde, pássaros cantando hinos ao sol, quando os meus olhos mais não olham que areia a perder de vista e pedras a repousar ao sol.
Escrevo o que a minha imaginação vê e esqueço o olhar dos meus olhos, como se estivesse a escrever uma carta de amor. É tão piegas escrever uma carta assim quando não se tem destinatário e quando se sabe que não se vai por no correio que a minha pequena cidade tem apenas um. Mas escrevo tentando romancear a areia do deserto como se fosse um verde campo a perder de vista, o céu mais azul fosse um cenário, um postal ilustrado de cascatas e as nuvens fossem pérolas adornado o sol brilhante.
Aqui na sombra do depósito de água, com um papel e um lápis, escrevo uma carta com todo o amor do mundo. como se pudesse mudar a minha vida de amanhã.
Aqui, no depósito de água, perto do aeroporto me apaixonei por ti outra vez.
Sanzalando
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