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9 de outubro de 2013

Palavreado solto

Numa de palavra puxa palavra ainda dou comigo a pensar que podia ter dado certo entre a gente. Eu devia ter dito todas as coisas e não calado tantas palavras e tu devias ter dito as tuas coisas. Se eu tivesse atirado as palavras ao mar estava agora de cana de pesca a tentar apanhar uma a uma. Sem palavra eu desconsigo viver, desconsigo ser igual a mim e quem sabe me atrofio numa poça de silêncio que se evapora no calor do outono. As tuas palavras é certo eu já as teria esquecido, como sempre, aliás.
Palavra puxa palavra e eu calo-me com um nó na garganta por não conseguir dizer que sim ou não de forma clara que até os surdos podiam ouvir.
Palavra a palavra me sinto puxado a tentar a poesia onde tantas vezes falhei e falhando aqui se falha na vida.
Palavra a palavra pintei o meu mundo, joguei letra a letra a decorar a minha paisagem, a calcetar o meu caminho e a indicar o meu norte.
Palavra a palavra engoli o meu orgulho e me engasguei na minha teimosia até que na tristeza me consolei, me odiei com amor e ri com tantas olheiras dos choros que chorei.
Palavra puxa palavra que um dia falarei em silêncio para me ouvir melhor.


Sanzalando

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