Palavra puxa palavra e dou comigo a ser puxado por uma dor que queria ser sentida. É, há dores que querem mesmo ser sentidas e parece se ofendem se tentamos não lhe dar importância e passam a ser eternas mesmo que durem, com intensidade, alguns segundos de cada vez, de vez em quando. São dores que não querem ser dores dentro de aspas, encurraladas entre parêntesis ou escondidas num recanto da memória.
A paixão é um estado de alma, passageiro, à qual se segue ou o amor ou a dor. Esta é uma das que quer ser sentida.
A decepção é outro estadio da vida que dói numa dor que quer ser sentida. Irritantemente presente nas alturas inconvenientes.
A frustração é um momento de dor com dor que quer doer mesmo.
A solidão é por si mesmo uma dor, não serve como dança nem para empatar tempo.
A solidão é por si mesmo uma dor, não serve como dança nem para empatar tempo.
Palavra puxa palavra e cá vou eu embalado direito à poeira da memória procurando analgésicos para estas dores crónicas que fazem parte dos agoras da vida.
Lapso de tempo que aproveito para gritar: tirem-me daqui. Ponho gelo sobre os pensamentos e tento não pensar que é o fim do mundo, esta dor eterna que me atormenta a alma, por isto e por aquilo.
Riu-me. É música e é silêncio. Momento único de cada instante, intervalo entre estações, pausa entre dores. Não há drama nem tragédia nem comédia. Há dor surda, dor muda, dor silenciosa.
Palavra puxa palavra e me calo para fazer gelo no tempo e ver se a dor se consome.
Sanzalando
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