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10 de outubro de 2013

Palavreado solto

Agarrei num livro de palavras e fui pondo-as em fila indiana. Assim num mais ou menos a querer queimar o tempo. Não tinha principio nem fim. Não tinha ordem alfabética nem de importância. Era mesmo só fazer um carreirinho de palavras. Desafortunadamente dou comigo a pensar no que seria o mundo sem mim e sem as minhas palavras. Descobri que ele continuaria a fazer o que faz e por estranho que possa parecer eu não estava a ver. Coisas simples a acontecer e eu sem estar lá para ver. O que me parecia impossível aconteceria. Sou descoberto que não estou presente. Todos os que me odiavam ou tinha medo de mim em vida estavam subitamente a aceitar que eu tinha existido, as minhas palavras apareceriam por aí num entre aspas e algumas tornam-se em lugares comuns. Formam-se clubes e se calhar até fazem um filme. Já sei que será suficientemente forte que até os deuses vomitam. Mas o pior de tudo é que eu não estava lá para ver.
O que faz a gente querer fazer um carreirinho de palavras.



Sanzalando

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