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12 de outubro de 2013

Palavreado solto

Caiem palavras do céu num dia qualquer, numa tarde chuvosa de palavras. Era uma chuva diferente. O céu até nem que estava nublado, o dia não era cinzento e não se sentia humidade no ar. E as palavras caiam geladas como se as varresses dum quintal de recordações, como se as aproveitasses para regar as plantas com um regador gigante, como se as quisesses apagar da tua memória sacudindo como um cão se sacode quando se molha.
Caiem palavras do céu como se fossem uma idiotice, uma falta de vergonha na cara. Acho que está na hora de tomar uma atitude para além de abrir o chapéu de chuva e me resguardar num canto onde não se acumulem palavras escorridas.
Levei com algumas no corpo que parece diziam eras a pessoa ideal para mim. Não tinham rosto e eu fiquei na mesma. Num ápice levei com mais umas tantas. Arrepiei-me mas calei-me. Não quero magoar ninguém devolvendo palavras que caiem como chuva num dia quem nem nublado estava. Serei 0,01 % das palavras que ma caiem em cima e eu não vejo que o meu retrato esteja nelas ou elas representem quem as varre dum telheiro onde se acomodaram trazidas por um vento qualquer.
Caiem palavras do céu e eu não vou ao encontro dum desencontro marcado por um diálogo de uma pessoa só. Perdi as palavras que me dariam boleia, perdi o sorriso que me corria na veia.
Abri um guarda palavras e caminhei sem destino.



Sanzalando

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