A Minha Sanzala

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17 de dezembro de 2018

Meu pai nasceu em 17 de Dezembro de 1926

O meu pai nasceu em 17 de Dezembro de 1926. Aos 30 anos dele era pai deste belo rapaz que um dia se fez homem. Como rapaz não era assim uma estampa, era mais um espantado com o dia a dia que cada dia vivia. Aos 35 anos deixou de estar presente, guiando-me desde lá onde os arquitectos deste mundo controlam as suas obras primas. Reaccionário, revolucionário, benfiquista, desportista de bancada e mesa de café, apostador nato de causas perdidas, riso fácil e falta de tempo permanente. Não tirou a carta de automóvel não sei se por falta de jeito se por falta de tempo. Nunca tive tempo de lhe perguntar. Haveria outras muitas coisas para lhe saber mas não houve tempo. Rumores muitos, saberes poucos. Mas criei em mim uma memória das vagas recordações que uma criança de 4 anos pode ter. Não me lembro de ter encostado a minha cabeça no seu colo e ter chorado alguma tristeza. Não me recordo de lhe ter perguntado a dúvida dalguma existência porque naquela idade eu nem sabia o que era a dúvida. Mas é o meu pai e foi
será sempre o meu herói. 
Na verdade não tenho a noção exacta do meu pai. Tenho flashs para definir o que eu sei ou sinto. Muitos pensamentos houve que fui criando à sua volta. cada estória ouvida parecia mais uma vivida. Mas de amigo para amigo lhe senti a presença junto à minha existência. As aventuras que eventualmente tivemos juntos ficaram na memória de galinha duma criança que não imagina que haja pontos finais  nas flores, espinhos nas estradas ou eclipses na vida. 
Bem, meu pai, eu sei que teria sido maravilhoso a nossa caminhada paralela se a presença dum fosse acompanhada da do outro. As tuas qualidades, por todos que te conheceram e me foram reafirmadas, eu sei que seria muito melhor do que sou, embora te diga que não te envergonhei em momento algum. Eu sei que desde lá me mandaste um exército de anjos para me proteger e zelar no meu sono e me guiar no caminho que eu optei por traçar.
Eu sei, meu pai que o olhar de Homem não é o mesmo do de menino, mas acho fui bom a interpretar a telepatia das qualidades que deixaste nos meus genes.
Meu pai, hoje farias anos e eu estaria ao teu colo a ouvir-te cantar o Sugar Sugar, segundo a mãe, era a única canção que sabias e mal, mas eu estaria feliz, mais feliz.

Sanzalando

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