Ser outono faz diferença. Faz sim que eu sei como doem os ossos, os músculos e até a pele. Mas neste sol de outono não é de dores que me apetece falar porque essa existe e existirá sempre, quer a gente sorria ou chore porque ela faz parte do que se chama vida. Além do mais a dor é uma tristeza que até dói.
Mas o amor. Esse amor de quatro estações e uns tantos apeadeiros chamados de micro-climas é que nem dá para definir direito. No verão é fácil porque até o tempo ajuda e a alma se expande. No outono é assim como que um desejo de abraçar, um retorno ao passado presente rumo ao futuro. Acho que é mais ou menos assim uma mesa carregada de projectos, manias, defeitos, disfarces, gostos e cheiros que acabam em sonhos de gente acordada. É assim uma divisão que ninguém quer separar nem dividir, é um desorgulhar egoísta. Mas amor não é só festa, pois ele também pode ser enterro. Se enterra o orgulho, o ciume, a vaidade, o egoísmo, desajustes e embustes.
No outono consigo ver que o amor é também uma busca constante, um bichinho meigo que precisa ser alimentado, acarinhado, elevado à potência máxima.
No outono eu deixo também o amor entrar.
Sanzalando
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