Nem sol nem chuva. Cinzentamente outono. Vento nem brisa. Maresia sob um forte marulhar da maré quase cheia. Vagueio na areia a debitar pensamentos atrás uns dos outros. Ferozmente com medo que o tempo acabe. Desiludo-me. Calmo e sereno gostava de ser. Preocupar-me de véspera não é saudável, preocupar-me por problema sem solução é desnecessário. Devia deixar-me emblar neste ritmo frenético das ondas e espraiar-me em pensamentos longos e bagos.
As pessoas se perdem por tão pouco. Silêncios, indiferença e frieza. Quando a gente erra, quando a gente troca os pés pelas mãos, quando a gente tem medo de perder a gente pára. Lembra-me só que o meu lema é levar o tempo a rir, fluido, frágil porem seguro, mesmo que tenha que atravessar o meu deserto sob sol escaldante.
Seguro a minha mão, uma com a outra e acalmo. Deixo o cinzento dia passar à velocidade dele, deixo o mar marulhar violento e sorrio.
Afinal de contas tenho o tempo que o tempo me der.
Sanzalando
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