Ainda faz sol. Calor Nenhum. Outono quase termia para dar lugar ao Inverno. Não há vento nem gelo. Apenas um sol arrefecido. Neste tempo sobra tempo para meditar. Na meditação a gente cresce, quanto mais não seja em auto-conhecimento. Aqueles minutos a olhar a linha recta que é curva, onde o zulmarinho se toca ao zulceleste, dá para ver que podemos ser agricultores de expectativas. E há uma variedade infinita delas. Todas difíceis porque quase nenhuma é superada. Mas nós continuamos a cultivá-las. Ciclo vicioso, quadrado fútil.
É a expectativa dum bom dia que não chega, do sonho que não se realiza, do desejo que não se concretiza, da ilusão que nos ilude eternamente, do olhar o que não vemos. E a expectativa floresce numa flor insatisfeita, desperfumada, corriqueira, que não acaba, crescendo numa prisão que até nos pode tirar o chão e por-nos em estado de depressão.
Não. Cultivar expectativa, não.
Por isso eu opto pela leveza, deixo que o fraco sol me dê uma ténue sombra, uma luz para que eu consiga ver a vida como apenas uma pessoa.
Outono sem expectativa porém cheio de vida.
Sanzalando
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