Faz sol de inverno no lado de cá da terra. Nem vento nem frio. Só mesmo esse sol de brilho pálido. Por vezes o céu nubla para dar um lado escuro ao tempo, um horizonte carregado, um pico de montanha virtual aos olhos nús que olham para lado nenhum.
O zulmarinho, revolto, batendo ferozmente contra a falésia, trás-me um ar de humidade, um perfume de chuvisco com sabor a sal.
No meu trono sentado olhando para lado nenhum, rindo-me de coisa nenhuma parece danço uma música que ninguém toca e medito. Um beijo que não dei, uma carícia que não fiz, um estado de alma que não transmiti, um interior que não exteriorizei.
O tempo passa e talvez eu tenha tempo um dia para escrever todos os meus pensamentos, quando já não sentir nenhum, quando a dor não já passar de recordação, quando o morrer de amor já só for uma estória bonita de viver.
Sanzalando
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