Voltou a cair sol de inverno sobre o meu corpo arrepiado de frio. Abrigado aqui na falésia deixo o mar se marulhar num som bravo de águas revoltas. Faz conta eu não lhe ligo e ele se acalma e me eleva na meditação de que a dor dos outros também pode doer em mim, pode ferir-me e como tal eu lhe referir. E nessa meditação eu vou falar em mestres de todas as sabedorias, em profetas de todas as idades e me vão dizer que virei espiritual. E se nessa meditação eu falar de mim, vão dizer sou egoísta, egocentrista e não sabem que dentro de mim existe um eu que também pode ter dor. Por tudo isso eu não vou falar em mestres nem em mim. Nem de saudade, nem de passado e nem de futuro. Vou só mesmo ver o sol de inverno atracar-se lá longe, onde o zulmarinho acaba.
Sanzalando
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