Estou, outonalmente, com a sensação que tudo é provisório. O sol não brilha como eu queria que brilhasse; o tempo não está quente como eu gostaria que estivesse e as pessoas não se comportam com o brilho que eu gostava tivessem. Tudo me parece repetitivo e artificial. Tudo me parece não passa dum breve instante.
Eu preciso sentir-me real, sentir a saliva e o calor dum beijo, o afago dum abraço. A vida está a passar. Eu não posso sentir-me fruto da minha imaginação. Quero sentir-me real, presente e com algum futuro pela frente.
Faz tanto tempo que eu deixei de ser uma estória contada através dos meus segredos, escondido dos meus medos e alicerçado nos pecados mortais.
Eu sou um ser real, com todas as estações do ano mesmo querendo ser apenas verão.
Sim eu sei, acinzeitei o céu porque deixei de estar a ouvir o zulmarinho no seu marulhar calmo e sereno de verão. Calemei-me* em marés de inverno num outono fora do vulgar.
Eu vou de férias.
* de calema, mar revolto
Sanzalando
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