31 de julho de 2024

Tesourinho musical 5 - Chinchilas


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Crónica 18 . Programa K'arranca às Quartas


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Posso dar-te uma Palavra? Um livro de Elisabete Inácio


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Programa K'arranca às Quartas 28

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 31 de Julho de 2024. 

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: “A memória das palavras ou o Gosto de falar de Mim” de José Gomes Ferreira (os meus livros 3)

“A Memória das Palavras ou O Gosto de Falar de Mim” recebeu o Prémio da Casa da Imprensa. Nesta obra, o inicialmente poeta, dedica-se ao longo de duzentas páginas, a "pentear nuvens e lembranças", com ênfase para a sua primeira aventura Poética - (quando tinha 8 anos): "no dia em que reparei na existência das palavras"- e a partir daqui todo o seu percurso dedicado à Poesia e Literatura (como uma espécie de redescoberta de si próprio).

Apesar do carácter autobiográfico da obra, José Gomes Ferreira apresenta-nos mesmo o seu Eu verdadeiro, ou é também um "mestre da omissão". 2/3 deste livro são a evocação dos seus sucessos literários e só restante 1/3 dele é que fala do seu trabalho como escritor recente.

Segundo Serafim Ferreira, jornalista e crítico literário, este é ainda um "livro que desde a sua primeira edição logo se revelou inovador nos aspectos fulgurantes da escrita e da linguagem e até na firmeza dos valores ideológicos que neles se pressentem".

Quem é José Gomes Ferreira?

(1900-1985) nasceu no Porto, em 1900. Publicou em 1918 e 1921, respetivamente, duas coletâneas poéticas, Lírios do Monte e Longe, que mais tarde retirou da sua bibliografia.

Só em 1931, depois de ter exercido funções de Cônsul de Portugal em Kristiansund, na Noruega, encontra verdadeiramente a sua voz num poema, “Viver sempre também cansa”, que dá a público na revista presença, nesse mesmo ano.

 Esse texto, “Viver sempre também cansa”, em que Gomes Ferreira reconheceu, no relato que fez da sua aparição, em A Memória das Palavras, de 1965, o seu autêntico nascimento como poeta, vem a abrir, dezassete anos depois, o volume com que, realmente, se estreia, Poesia.

É, dos poetas do neorealismo, a alguns dos quais, a partir de certa altura, o ligam fortes laços de amizade, que se sentirá mais próximo. Em primeiro lugar, a influência que a obra de Raul Brandão teve no grupo de que fazia parte nos anos 20. No primeiro volume das Memórias, deixará registo do que para ele e para os seus companheiros terá significado o autor de Húmus: «Durante meia dúzia de anos, Raul Brandão foi, sem o saber, o mestre secreto da primeira fornada que, após a Revolução Formal do Futurismo, e embora concordante com todas as novidades do Orpheu e revistas subsequentes, se opôs por instinto ao seu conteúdo aristocrático, em busca aflita de outro Sinal.»

Os anos passados na Noruega, terão acentuado o pendor expressionista do seu imaginário já muito marcado por Brandão. Depois, não posso deixar de assinalar que o poema que atesta o seu verdadeiro nascimento como poeta tornou-se público numa publicação, a Presença, que, nos começos dos anos 30, era indubitavelmente o ponto de convergência de todos os que, em Portugal, estavam empenhados em praticar e em impor uma ideia de arte moderna.

De resto, todo o percurso de José Gomes Ferreira a partir de “Viver sempre também cansa” se vai pautar pela “Revolução Formal” modernista.

O poeta fazia, de resto, questão, numa passagem de Imitação dos Dias, de 1966, de se afirmar «sem saudades de qualquer passado», em sintonia perfeita com o seu tempo.

 

Um outro aspeto aproxima José Gomes Ferreira dos poetas de «presencistas», a centralidade do eu na sua obra, não apenas nos livros em verso, mas também nos livros em prosa. A abrir o 1º volume de Poeta Militante, vem uma nota onde pode ler-se o seguinte: «Poeta Militante é a viagem do século vinte em mim..»

Falámos de José Gomes Ferreira e da sua obra autobiográfica, do seu Eu mas a vida é mais que isso e por isso há que ler.

Ler causa morte á ignorância



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30 de julho de 2024

“Balada da Praia dos Cães” de José Cardoso Pires. (os meus livros 2)

 “Balada da Praia dos Cães” de José Cardoso Pires.

Do Autor temos que referir que de estudante arrependido de Matemática, marinheiro da marinha mercante e tradutor até se fixar como jornalista e escritor, tudo temos um pouco neste autor português, nascido nos arredores de Castelo Branco em 1925, imigrado em Lisboa, exilado no Brasil e regressado a Lisboa onde viria a falecer em 1998.

Deixa-nos uma vasta obra, onde destaco mais dois para além do livro de hoje, O Delfim  e Hospede de Job.

A Balada da Praia dos Cães inicia-se com o relatório da descoberta de um corpo por uma matilha de cães numa praia, vindo posteriormente a saber-se que se tratava de um militar, major Luís Dantas Castro, que havia fugido da prisão após uma tentativa de golpe de estado. Mena, a grande paixão do major, arquitecto Fonte Nova que estivera preso também em consequência da tentativa de um golpe e o cabo Barroca que era um soldado a cumprir o serviço militar na prisão são os quatro que se tinham reunido após a fuga do Major. Reunião em casa de Mena, onde aguardavam a chegada do advogado Gama e Sá.  As três personagens implicadas no golpe, mais o Inspector da Polícia, Elias Santana e o Advogado, são as principais figuras deste livro. Este romance desenvolve-se por fases. Antes do crime, a realidade dos implicados e os métodos da polícia assim como a caraterização da vida triste e apagada do referido Inspector.  O resto da hsitória eu deixo para quem for ler o livro.

Deste livro fez-se um filme, realizado por José Fonseca e Costa, tendo Raul Solnado feito o papel do Inspector da Polícia Judiciária, responsável de desvendar este caso. Filme a rever. 



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29 de julho de 2024

Noite tropical num país da Europa

Foi assim mesmo na noite que passou. Calor dum quente abafado. Húmido de custar mexer sem cansar. Aos poucos o céu se foi nublando e desatou a trovejar numa violência que não me é familiar nesta banda. Não foi a primeira vez mas isso não quer dizer que eu estava à espera. Um dois trovões e costuma passar. Na noite passada não foi assim. Os raios caiam no mar. Os trovões e os relâmpagos eram uns atrás dos outros. A chuva caía num intercalado de forte e fraco. Surpresa era que a chuva vinha com areia. Não lavava. Nos intervalos eu via que areia, mal a água evaporava, ficava parecia um sinal. Desses sinais que a idade vai exacerbando. As horas iam passando e o tempo quente que não convidava a ir dormir continuava. A trovoada permanecia. Cansado deitei-me e de janelas abertas para tentar refrescar o meu empastelado corpo suado. Adormeci e cerca das cinco da madrugada acordei assustado. O barulho estava diferente. Tinha barulho de chuva, barulho de vento e se somou outro barulho que eu não estava nem a imaginar era o quê. A curiosidade fez-me levantar da cama e procurar. Tudo parecia estava normal para a hora da madrugada. Fui na porta da frente e foi então que pasmei. A chuva tropical parece tinha feito mal a alguém pois a essa hora, com chuva estava alguém a lavar o carro com mangueira. Sorri-me para não chorar e fui-me deitar.

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27 de julho de 2024

Fernando Namora - Retalhos da Vida de um médico ( os meus livros 1)

Falando do autor, trata-se de Fernando Gonçalves Namora, Fernando Namora como nome literário, nascido em Condeixa a Nova em 1919, tendo falecido em Lisboa em 1989. Iniciou-se na poesia com RELEVOS em 1937. Em Coimbra tirou o curso de Medicina, colaborou em múltiplos jornais e revistas de cultura. É autor de coletâneas de poesia e de pelo menos 13 livros em prosa. Fernando Namora também foi pintor.

Dos livros que lhe conheço ressalvo, sublinho e releio RETALHOS DA VIDA DE UM MÉDICO.

Não só por ser um tema actual mas porque a narrativa situa-se entre a ficção e a analise social de 1949, primeira publicação e 1963, segunda publicação.

Nesta obra estão fragmentos da sua vida, relatos da sociedade da época, não uma novela ou romance. Não sei se poderei considerar contos, biografia ou um diário. Certo-certo é que é um Relato de vida sim.  A sua maneira peculiar de escrita cativa-me. Daquele ontem ao hoje de hoje parece que não houve mudança, a não ser social.

(Música - Minha Mãe - Serenata Monumental_ - Queima das Fitas Coimbra)

Repito que este livro constitui um documento importantíssimo da sociedade do início do seculo XX, revisto em 1963.  A História de um Médico de Aldeia com as suas dificuldades quer na comunicação com o povo provincianos simples, habituado a charlatães, crenças e superstições. A sua luta para fazer-se ser aceite e lutar por um povo sub-alimentado, económica e culturalmente pobre, agarrados à sua avareza e desconfiança. Nestes retalhos, Fernando Namora reage com ironia, com dúvidas e mostra o seu cansaço.

Só posso dizer-vos mais que é um livro para ler, reler e reflectir. 


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26 de julho de 2024

Dia dos Avôs

Me levo de corpo e alma para lá do meu olhar. Simples, prático e pouco peso sigo para lá dos sonhos. Sem complexos nem outras formas de inibição vou para lá dos desejos. Vou indo para ter tempo para mim. Tempo voa, dizia o meu avô e como sempre ele tinha razão. Ainda faz pouco tempo eu estava no colo dele e agora sou eu que tenho os netos no meu. Ele voa e eu vou na boleia dele e não o perco de vista. Sou avô mas também sou o eu que sempre quis.


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25 de julho de 2024

grata memória a minha

Quantas vezes eu me perco em memórias de paixões, gostos, abraços e solidões? Quantas vezes me perguntei se me gosto de mim ao ponto de ter alguém que também goste? É, não tem graça eu não gostar de mim e ficar à espera que alguém de fora goste. Tenho de me gostar num gostar sem graça, num gostar de gostar caro, verdadeiro e genuíno. Eu sei que tás a pensar eu enlouquei-me de tanto pensar, de tanto me conhecer, de tanto gostar de ser gostado. Não é só na minha imaginação. É na realidade também. Eu não sou fruto da minha invenção nem a minha inteligência é artificial. Eu existo-me mesmo tal e qual sou.
Mas quando eu olho para esses momentos, em que busco na memória passados gostosos de me gostar, percebo o quanto deve ser vazia a memória de quem não se gosta. Deve ser difícil viver sem significado, sem meta ou apenasmente envolvido em vergonha, escondido.
Eu gosto de visitar a minha memória e de pensar naquelas pessoas todas que me sorriram e me gostaram. Mesmo naquelas que hoje não me gostam. Eu tenho-lhes orgulho e só lhes posso agradecer um dia terem passado na minha vida e deixado uma memória.
Meu olhar se perde da realidade presente quando viaja nesse comboio de memória em que cada imagem trás outra parece mesmo é comboio subindo no tempo de lá atrás. Na minha memória não tem silêncios, pode ter sussurros, galhofa, risada, lágrima de choro ou de riso. Mas não tem silêncio. Eu tenho momentos em que saio da minha zona confortável e vou nesse ponto mais cinzento, menos barulhento, vou limpar e aprender, reaprender e buscar conforto.
Eu tive um sonho que é real, porque o sol que lhe apanhei é real, as feridas no joelho que lhe fiz é real. Conjugaram-se os astros e transformaram-me em memória. Grata memória a minha.


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De Scalabis a Alba Nova . José Maria Antunes


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24 de julho de 2024

Tesourinhos musicais 4 - Os Ekos


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Crónica 17


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Programa K'arranca às Quartas 27

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 24 de Julho de 2024. 

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falemos de Verão

E o Verão começa quando o planeamos. Os que habitam no Algarve, começam a pensar nele quando começam a ter problemas de trânsito, dificuldade em estacionar ou a demorar mais que os habituais 10 minutos para se deslocarem do ponto A ao B. Insultam o Verão mas depois de entrarem na onde da rapidez dos que chegam, aproveitam-se para engrossar as fontes de rendimento, arranjam maneira de formigar o mais possível para aguentarem o Inverno que já não é o que era, porque o turismo tem-se modificado e já não é tão sazonal como já foi. Os que chegam de fora, do Alentejo ao Minho, começam a pensar no verão mal o verão acaba. Primeiro dizem que para cá não voltam por isto e aquilo. Mas ao longo dos meses vão limando os pensamentos e depois chegada a hora da marcação cá estão outra vez. E vemos logo que cá chegam porque andam rápido. Todos os segundos de férias contam e por isso não podem ser gastos em filas quer de supermercado quer de trânsito, farmácia ou hospitais. E como se vestem descontraidamente têm também o hábito de assim se comportarem. Estacionam descontraidamente onde lhes apetece desde que seja à porta o sítio que querem. Passam à frente da fila do restaurante porque conhecem bem o dono que já nem se lembra deles dos anos anteriores porque a memória de tantos clientes não dá para decorar. Mas respondem ao aceno porque devem ser cliente muito habitual e há que não o perder. O turista conhece meia dúzia de restaurantes e o dono conhece um milhar de clientes. Mas a simpatia e a necessidade são natas. O turista chega à praia e o areal é dele. Não faz desporto ou qualquer actividade física durante onze meses mas chegado o verão ele é jogador de bola, de ténis ou de ring, ou simplesmente corrida na franja da água salgada, na rua, no passeio ou até na estrada porque aqueles não abundam por cá. Ele é um expert de qualquer assunto pela maneira alta como conversa com os amigos de anos anteriores que só se encontram nesta altura no mesmo sítio e com os mesmos assuntos. É assim o Verão e verão que o próximo Verão será igual ao do ano que passou. Os turistas que nos visitam de outras paragens e com outras línguas sabem que aqui não precisam se preocupar que o poliglota é mesmo daqui. Não há esforço. Bom é que haja cerveja, música, desporto numa qualquer TV, Karaoke e golf. O sol deve-lhes incomodar, principalmente à noite já que o vermelhão não os impede de voltar à torreira do sol. Imagino uma noite dormida sobre aquela pele… Eu gosto do verão porque como se vê a multiculturalidade desvanece-se e a igualdade educacional é em todo semelhante. Ricos e pobres, cultos e incultos, correm com medo que as férias se acabem e eles fiquem sem tempo para se cansar. Por aqui vamos tendo o verão de cada um, num todo para os que cá ficam depois a preparar o próximo verão.

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23 de julho de 2024

salva-me a memória

Salva-me a memória, solta-se o passado e a minha vida continua. Tem vez que parece é irreal, me recordo tal e qual vivi. Tem outras que parece cacimbou em cima que a memória está nublada, turva. Desconsigo ver-me. Outras vez até assusta da nitidez. Como vou explicar? Deve ser do aquecimento global ou simplesmente da idade passada. 
Salva-me a memória que o presente é bom. Desembrulho-o e ele está aqui tal qual pensei um dia ia ter. Um presente que é o meu presente, o meu agora. Não preciso ir buscá-lo na memória. Mas ele daqui a pouco é passado e lá tenho que o guardar na memória. Vai ficar no lado cacimbado ou no lado do luar de verão?
Salva-me a memória.


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22 de julho de 2024

a atenção

Há uma carícia que não custa nada: atenção. Basta só estar atento. basta só ouvir. Basta só compreender. Não custa mesmo nada e nem é difícil. Ela até serve para tantas outras coisas.
A atenção é crucial para a aprendizagem, memória e execução de tarefas diárias. Ela permite que as pessoas processem informações de maneira eficiente e respondam adequadamente ao ambiente ao redor. No campo educacional, por exemplo, a capacidade de atenção é fundamental para a assimilação de novos conhecimentos. No ambiente de trabalho, a atenção impacta diretamente a produtividade e a qualidade do desempenho.
Ela só precisa mesmo é de treino

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20 de julho de 2024

começou no acabar

Eu estava sentado na esplanada do café da minha cidade quadriculada, esperando um qualquer amor que ainda não havia chegado ao meu coração. Eu havia tempo que tinha deixado fugir um porque achava que o tempo não era para se gastar assim numa prisão de gosto e contragosto.
Olhava para as horas e o relógio parecia não andava, tinha gente a passar mas esse de amor não havia meio de chegar, porém eu não perdi as esperanças. Eu não gosto de perder, nem a feijões.
Alguém gritou o meu nome e eu me virei para o lado donde o som me chegou e lá estava ela, tão linda quanto eu a tinha imaginado.Se fundimos  num abraço e ela me perguntou:
- Como estás?- não falei, apenas olhei para ela e sorri.
... uns segundos que foram eternos..
- Sinto muito - disse-me ela e partiu.
Duas palavras que deixaram claro para ela que aquela linda história de amor havia acabado no instante que começara.
O que eu não sabia era se a culpa era minha ou apenas o facto de eu ser criança tenha feito e ainda não saber o que é que era amar.


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19 de julho de 2024

Eu sou do tempo que o meu tempo tem

Ai uê. Quantas vezes eu dei comigo parece que parado no tempo? Mas o raio dele não parou. Eu tive que correr para lhe apanhar outra vez. Eu foi tudo dentro do meu tempo. Quando eu penso que é do meu tempo é porque é do meu tempo. Ele corre e eu lhe corro também. Não tem essa de ver velhinho só porque o tempo passou. É realidade que o tempo não para mesmo quando eu gostava que ele o fizesse. É do meu tempo mesmo que o tempo seja muito. Bom sinal. Eu posso dizer que eu tenho tempo. Olhando eu tenho tempo para ver, pensar, corrigir, emendar ou simplesmente acenar. Eu sou do tempo que o meu tempo tem.

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17 de julho de 2024

Eu, a bicicleta e os automóveis ou nada disso

Por acasos do destino tornei-me ciclista de cicloturismo, ciclo passatempo, fazer alguma coisa ao corpo porque o desporto TV não me estava a ser lá muito benéfico. Como todos passei pelo ritual, como todos passam, escolher a bicicleta presumivelmente ideal e adquiri todos os equipamentos de proteção. Apesar de resumir toda a situação, o processo demorou longos meses. Finalmente, montado em meu veículo, fui desbravar as ruas e os caminhos das redondezas. Eis que, numa de minhas aventuras, surge o problema: donos dos carros a reclamar com a minha presença no trânsito e atitudes agressivas com tangentes e intimidações verbais.

O facto que ocorreu comigo é comum, ao que já vi e ao que me contaram, com todos aqueles que se pretendem ser ciclistas.

Os automobilistas ainda não aprenderam a respeitar o ciclista. De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística aumentou em cerca de 20% em 2021 em relação ao ano anterior, o número de acidentes com ciclistas, tendo havido 23 mortes, menos 14 % que no ano anterior. O relatório dá conta que os automóveis ligeiros foram responsáveis por 72% dos acidentes ocorridos. A colisão é o acidente mais frequente.

As ciclovias são soluções adequadas para o problema. Afinal, elas garantem um espaço seguro para que os ciclistas possam transitar sem serem ameaçados pelos carros ou sem prejudicarem os pedestres. Em outros termos, cada um no seu “quadrado” ou cada um ocupando o seu espaço. Porém, as ciclovias ainda não são uma realidade levada a sério. As estradas  que possuem a maior quantidade de km de extensão de ciclovia, ainda não conseguem abarcar todo o caminho. Há ciclistas em todas as regiões e que se deslocam por todas as estradas. Portanto, é importante que as ciclovias tenham o maior alcance possível.

Enquanto não houver essa realidade é necessário que os ciclistas, os automobilistas e os pedestres consigam respeitar-se.

Ainda este fim de semana, na Serra de Montejunto fui testemunha de autênticas barbaridades, quer de automobilistas quer de ciclistas. A caminho da Real Fábrica de Gelo, estrada belíssima a merecer uma vista e a um desfrutar de paisagem nos seus diversos miradouros, os automobilistas comportam-se como corredores do Campeonato Nacional de Rampa e os ciclistas descem como se fossem campeões de moto Gt em pista. Uma travagem para que dois carros pudessem cruza-se e dois ciclistas a raspar o alcatrão e a sentirem-se como a serem polidos por lixa enquanto as bicicletas aos trambolhões pela vegetação. Espetáculo não digno de ser visto  e facilmente evitável. Questão de consciência. Digo eu.



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16 de julho de 2024

tudo a seu tempo

Tudo tem o seu tempo. Tudo tem o seu modo. Tudo tem o seu momento. Eu sigo, às vezes poesia outras vezes um gelado, tudo depende do modo de ser e estar. Umas tardes vejo o Pôr-do-sol e apercebo-me da efêmera arte da vida, outras, sem paciência, carrego a solidão aproveitando-me de momentos da vida com paciência e amor próprio em que estou comigo numa entrega total. Todos os tempos são meus tempos enquanto por cá nadar.


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15 de julho de 2024

totalmente eu

Não, não sinto falta de mim. Amar-me-ei sempre e por isso nunca me faltarei. Não quero deixar de me visitar no presente, no passado, nas memórias do que vivi e no que tenho de fazer pela frente. É, às vezes dá uma saudade, naquelas tardes frias e cinzentas, sinto falta daquele calor ventado num vento leste. Eu detestava o vento leste e agora lhe tenho saudades. Idade tem coisas assim. Não tenho saudades dos meus vícios, nem de fugar na escola para ir na praia feito moleque de rua sem saber que um dia ia crescer e eu ia ter saudade de não ter saudade.
Sinto falta das manhãs de domingo ir até na falésia olhar o mar e esperar que a missa acabasse. Mas não tenho saudade. Eu tive vida desagarrada desses amores imperfeitos. Não tenho saudade mas tem dias que me faz falta ir no cinema e me sentar no palco lá na minha praia, arrefecer ideias, amadurecer conceitos ou simplesmente apanhar ar.
Eu sou totalmente eu e tenho falta de mais o quê?


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13 de julho de 2024

A vida

É mais importante a vida que tenho pela frente do que aquela que deixei para trás. A passada foi importante, ficou na memória. A da frente, a que me espera lá chegue, essa tem de ser vivida, fazer dela memória. Preciso de toda a minha energia para a ter. Essa é a melhor vida que terei. 

12 de julho de 2024

tempo veloz

Me deixo embalar pelo marulhar e me esqueço perdido de mim. Se penso não tenho tempo para parar e apontar o meu foco. Se relampago-me em flaches não consigo ser rápido a apontar e me esqueço do tempo que velozmente se gasta. Desejo amor e paz, numa ligação que pode ser a última se eu adivinhasse qual o meu presente segurado no passado que usei. Sinto a minha importância, sei-a decor. Não que me importe o seu tamanho nem me impressiona o seu poder. Não sei comparar pessoas mas desejo tudo de bom a todos os que, num ápice passam os olhos pelo que eu pensei.


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8 de julho de 2024

bússola

Se eu abrisse mão dessa moral que me guia, dessa rota traçada na educação, nos pontos cardeais da cortesia, as estrelas exemplares da família eu seria um profano absurdo do demónio. 
Se eu gritasse os gritos horríveis que me afogam de medos e pudesse caminhar nos silêncios da solidão, eu seria um absurdo isolado, um ilhéu de lapas e outras afinidades.
Se eu não fosse uma guerra constante entre o bom corrigido e o mau dissimulado, seria uma alma corrompida nos fracassos e derrotas, dos segredos e falsidades.
Se eu não fosse a justiça de mim escancaria a desonra duma sociedade cinzenta a casmurra que se joga no universo das desigualdades. 
Eu não abro mão da minha bússola.


Sanzalando

5 de julho de 2024

algo errado se passa neste blog - avariado?

Algo está a passar-se com o meu blog uma vez que não tenho acesso a hiperligações. Se o abrir no telemóvel tudo está normal. No PC nada. 

Sanzalando

3 de julho de 2024

uma estória ou um conto

Me deito na areia da praia e me deixo sonhar acordado. Quem é que não gosta de ter o seu conto de fadas, a sua estória de encantar, um sorriso de engatar e um olhar a brilhar? Qual sapo que não queria ser um príncipe? Qual princesa que não gostaria de ter um sapato de cristal. Mas simplesmente temos o Adão que comeu a maçã dada por Eva, e temos o inferno à mão.
Não preciso ser alto, loiro e de azul olhar. Basta-me ser eu e ter a minha estória para contar. Sou príncipe de mim, brilho no olhar mesmo que já veja pouco, sorriso nos lábios que dá para enganar princesas de cristais pensamentos e doces carícias.
Sim, vamos ser felizes para sempre, desde que o nosso para sempre não seja interrompido antes do final da estória.


Sanzalando

2 de julho de 2024

vento

Deixo o vento levar-me as ideias e o pensamento. Sento-me vazio num mental descanso. Despenteado, olhos perdidos no longe que não vejo, vagabundo-me do meu corpo como se fosse um canavial ao vento.
Não, não quero pensar, não quero querer nem quero estar para aqui a dizer-me coisas. Estou só ao vento sem me sentir sozinho. 
Deixo o vento levar-me e vou.


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