Não, não sinto falta de mim. Amar-me-ei sempre e por isso nunca me faltarei. Não quero deixar de me visitar no presente, no passado, nas memórias do que vivi e no que tenho de fazer pela frente. É, às vezes dá uma saudade, naquelas tardes frias e cinzentas, sinto falta daquele calor ventado num vento leste. Eu detestava o vento leste e agora lhe tenho saudades. Idade tem coisas assim. Não tenho saudades dos meus vícios, nem de fugar na escola para ir na praia feito moleque de rua sem saber que um dia ia crescer e eu ia ter saudade de não ter saudade.
Sinto falta das manhãs de domingo ir até na falésia olhar o mar e esperar que a missa acabasse. Mas não tenho saudade. Eu tive vida desagarrada desses amores imperfeitos. Não tenho saudade mas tem dias que me faz falta ir no cinema e me sentar no palco lá na minha praia, arrefecer ideias, amadurecer conceitos ou simplesmente apanhar ar.
Eu sou totalmente eu e tenho falta de mais o quê?
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