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17 de julho de 2024

Eu, a bicicleta e os automóveis ou nada disso

Por acasos do destino tornei-me ciclista de cicloturismo, ciclo passatempo, fazer alguma coisa ao corpo porque o desporto TV não me estava a ser lá muito benéfico. Como todos passei pelo ritual, como todos passam, escolher a bicicleta presumivelmente ideal e adquiri todos os equipamentos de proteção. Apesar de resumir toda a situação, o processo demorou longos meses. Finalmente, montado em meu veículo, fui desbravar as ruas e os caminhos das redondezas. Eis que, numa de minhas aventuras, surge o problema: donos dos carros a reclamar com a minha presença no trânsito e atitudes agressivas com tangentes e intimidações verbais.

O facto que ocorreu comigo é comum, ao que já vi e ao que me contaram, com todos aqueles que se pretendem ser ciclistas.

Os automobilistas ainda não aprenderam a respeitar o ciclista. De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística aumentou em cerca de 20% em 2021 em relação ao ano anterior, o número de acidentes com ciclistas, tendo havido 23 mortes, menos 14 % que no ano anterior. O relatório dá conta que os automóveis ligeiros foram responsáveis por 72% dos acidentes ocorridos. A colisão é o acidente mais frequente.

As ciclovias são soluções adequadas para o problema. Afinal, elas garantem um espaço seguro para que os ciclistas possam transitar sem serem ameaçados pelos carros ou sem prejudicarem os pedestres. Em outros termos, cada um no seu “quadrado” ou cada um ocupando o seu espaço. Porém, as ciclovias ainda não são uma realidade levada a sério. As estradas  que possuem a maior quantidade de km de extensão de ciclovia, ainda não conseguem abarcar todo o caminho. Há ciclistas em todas as regiões e que se deslocam por todas as estradas. Portanto, é importante que as ciclovias tenham o maior alcance possível.

Enquanto não houver essa realidade é necessário que os ciclistas, os automobilistas e os pedestres consigam respeitar-se.

Ainda este fim de semana, na Serra de Montejunto fui testemunha de autênticas barbaridades, quer de automobilistas quer de ciclistas. A caminho da Real Fábrica de Gelo, estrada belíssima a merecer uma vista e a um desfrutar de paisagem nos seus diversos miradouros, os automobilistas comportam-se como corredores do Campeonato Nacional de Rampa e os ciclistas descem como se fossem campeões de moto Gt em pista. Uma travagem para que dois carros pudessem cruza-se e dois ciclistas a raspar o alcatrão e a sentirem-se como a serem polidos por lixa enquanto as bicicletas aos trambolhões pela vegetação. Espetáculo não digno de ser visto  e facilmente evitável. Questão de consciência. Digo eu.



Sanzalando

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