Quantas vezes eu me perco em memórias de paixões, gostos, abraços e solidões? Quantas vezes me perguntei se me gosto de mim ao ponto de ter alguém que também goste? É, não tem graça eu não gostar de mim e ficar à espera que alguém de fora goste. Tenho de me gostar num gostar sem graça, num gostar de gostar caro, verdadeiro e genuíno. Eu sei que tás a pensar eu enlouquei-me de tanto pensar, de tanto me conhecer, de tanto gostar de ser gostado. Não é só na minha imaginação. É na realidade também. Eu não sou fruto da minha invenção nem a minha inteligência é artificial. Eu existo-me mesmo tal e qual sou.
Mas quando eu olho para esses momentos, em que busco na memória passados gostosos de me gostar, percebo o quanto deve ser vazia a memória de quem não se gosta. Deve ser difícil viver sem significado, sem meta ou apenasmente envolvido em vergonha, escondido.
Eu gosto de visitar a minha memória e de pensar naquelas pessoas todas que me sorriram e me gostaram. Mesmo naquelas que hoje não me gostam. Eu tenho-lhes orgulho e só lhes posso agradecer um dia terem passado na minha vida e deixado uma memória.
Meu olhar se perde da realidade presente quando viaja nesse comboio de memória em que cada imagem trás outra parece mesmo é comboio subindo no tempo de lá atrás. Na minha memória não tem silêncios, pode ter sussurros, galhofa, risada, lágrima de choro ou de riso. Mas não tem silêncio. Eu tenho momentos em que saio da minha zona confortável e vou nesse ponto mais cinzento, menos barulhento, vou limpar e aprender, reaprender e buscar conforto.
Eu tive um sonho que é real, porque o sol que lhe apanhei é real, as feridas no joelho que lhe fiz é real. Conjugaram-se os astros e transformaram-me em memória. Grata memória a minha.
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