"Fio": Prisões
carranca
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Pátria apátrida, parte não sei quantas Hoje, 18:33
Forum: Conversas de Café
Muitas vezes não sei se determinada atitude vai ser socialmente aceitável ou não. Se as pessoas ao lerem determinadas coisas vão balancear a cabeça e dizer: "Ah, este gajo passou-se !", ou se se vão levantar e fechar o fio, ofendidíssimas.
A capacidade de antecipar a reacção das pessoas é um conhecimento que estou a sentir esvair-se por entre meus pensamentos. Já não consigo saber o que ofende ou choca.
Há quem tenha um ódio brutal ao mundo como ele é. Há quem tenha orgulho de não conseguir manter um emprego, de não conseguir sustentar-se, de não conseguir funcionar em sociedade, de não se adequar às regras de um mundo todo errado.
Eu não sou assim. Pelo menos, ainda não. Não tenho ódio no coração. Por ninguém, nem pelo mundo. O mundo não é perfeito, as pessoas ainda andam acorrentadas aos seus inúmeros preconceitos, mas há pelo menos liberdade de opinião e comportamento, quem quer viver de forma alternativa não é queimado numa fogueira, as coisas estão a ficar melhor.
Talvez eu não tenha feitio para isso. Eu não quero abandonar a sociedade e enfiar-me numa cabana deserta no meio do nada. Entendo que, talvez quem o tenha feito, não fizesse isso porque queria, mas porque não tivesse tido outra alternativa.
Em termos mundanos, sociais, o insucesso deles foi se calhar enorme. Talvez nunca tivessem conseguido manter um emprego decente, se calhar tiveram casamentos fracassados, se calhar não resistiam a um rabo de saia mais espevitado. Mas, num outro se calhar, olhavam para o mundo com uma lucidez insuportável, embora não conseguissem sustentar-se nele minimamente. O que mais poderiam fazer em sociedade? O que a companhia dos outros homens lhes acrescentaria? Foram-se isolar no meio do mato e para lá andam.
Ou talvez se tenham isolado porque já estavam isolados, porque estavam tão distantes de seus companheiros que já não eram compreensíveis. Não conseguiam entender o que as pessoas a sua volta queriam, esperavam, desejavam. A comunicação se rompera.
Será esse meu destino? Será que a verdadeira liberdade só pode existir na solidão?
se não me isolar voltarei
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
Rádio Portimão
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