Debates
Quando há debates?
O debate interessa a dois tipos de pessoas: as que querem convencer as outras de alguma coisa e as que se preocupam com o que as outras pensam delas. Não me enquadro em nenhuma dessas categorias.
Não me importo, sinceramente, com o que pensam de mim. Podem pensar que sou louco, imoral, mentiroso, hipócrita, lesa-pátria, provocador, revolucionário, reacionário, fruto da Geração espôntanea, etc. Tudo isso só me diverte e podem crer que muito. Quem me lê sabe que sou algumas vezes insultado, outras tantas rotulado e raramente, nos últimos tempos que já têm meses, respondo. Rio sozinho e prossigo a minha viagem.
As poucas vezes em que respondo (tirando, claro, quando fraquejo e cedo às provocações, pois sou humano) é sempre para clarificar alguma dúvida sincera ou um ponto que acho que foi honestamente mal interpretado. A insultos, não respondo ou tento não responder com a mesma linguagem. Argumentos lógicos, pró e contra minhas posições, eu ignoro. Acham que vou perder um segundo que seja do meu sono só porque alguém acha que as minhas opiniões são levianas ou não convencionais? Sinceramente, quero que se lixem. Tendo em conta que não tomem o poder e retirem a minha liberdade de expressão, podem achar o que quiserem.
Defendo a minha postura só de quem quiser impedir-me de praticá-la.
Se algumas das minhas ideias são polémicas não são para discutir ou para chocar. Elas são o meu projecto de vida, a minha tarefa interior de desbravamento, uma aventura absolutamente pessoal, em busca de maior felicidade e liberdade, em busca do melhor modo possível de viver a minha própria vida, a minha maneira de mostrar que Angola é um PAÍS, que tem a sua cultura, os seus erros, os potencias de crescimento, numa palavra: que existo eu e ANGOLA.
Estou só a falar de mim, só de mim, e de mais ninguém. Não por arrogância, pois arrogância seria falar para todos, pregar as minhas verdades pessoais para serem aplicadas à vida de pessoas que nem conheço. Também não por humildade, pois poucas coisas são mais intrinsecamente desprezíveis do que a humildade. Mas por ser prático e por realismo. Mal consigo conhecer-me, mal consigo resolver a minha vida, quiçá outras.
Sempre que eu emito uma opinião enfática, alguém vira-se para mim, com a maior cara de desagrado do mundo e diz, em tom de crítica: essa é a TUA opinião, não é? (cuidando do tom de voz para dar um sentido reprovador).
E eu respondo: "não, essa foi a opinião daquele careca que está a passar ali. Agora eu vou dizer a sua opinião e a minha só a darei no final da conversa, para causar mais impacto..."
É óbvio que sempre que abro a boca, ou teclo, estou só a dar a minha opinião. Por mais enfático que eu seja, ou possa parecer, é sempre só de mim que estou a falar. Não estou a manifestar as opiniões de outros, combinadas com outros ou encomendadas por outros; não estou dizer como as pessoas deveriam viver as suas vidas, manifestar os seus pensamentos, amar ou odiar, etc.
Exponho minhas ideias aqui por alguns motivos.
1 - porque gosto de pensar/escrever e é a única coisa que por aqui posso fazer. É a minha vaidade.
2 - escrever é a melhor forma de terapia e de auto-conhecimento. Através da palavra escrita nós inventamos-nos e descobrimo-nos .
3 - para tentar conhecer outras pessoas que estejam numa sintonia parecida com a minha, E, claro, confessando bem cinicamente, para conhecer pessoas interessantes e inteligentes, receber conhecimentos, aprender coisas boas e más e conhecer gente malvada .
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
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