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8 de abril de 2005

Beberei até encher a cara

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Beberei até encher a cara Hoje, 12:22
Forum: Conversas de Café
Senta aqui a meu lado, avilo, tu que estás aí sentado no início do zulmarinho, manda vir umas quantas para derramarmos enquanto eu conseguir falar-te sem que as gotas de zulmarinho não me comecem a cair dos olhos mais lindos que eu tenho. Não perguntes nada, não digas nada e no teu silêncio fica só a ouvir porque tu sabes o que eu te estou a falar, na concomitância do que eu te vou dizendo. Te parece complicado? Bebe só que ao tempo que a goela ficar mais oleada tu vais entender mais o que eu te vou dizer.Se precisares, mermão, manda-se ligar o ar concessionado para ficares mais à fresca e com maior capacidade de entender.Pois é, mermão, passaram dois dias que pelos 28 anos seguidos não dou o beijo de parabéns a uma nossa amiga, que te gosta muito mas que por coisas do destino não tem o mesmo gosto em relação a este teu avilo que te faz escutar estas lamentações antigas que são presente em cada dia de toda uma vida que foi passando segundo a segundo. Se calhar, mermão, tu desde aí do início do zulmarinho tiveste oportunidade de, com as tecnologias da moda poder dizer nela essas palavras que todos gostamos de ouvir nesses dias e eu aqui tão perto se fizesse isso te digo que não só o zulmarinho virava calema como se calhar o peso todo dele ia cair em cima de mim me esmagando ao ponto de não poder estar aqui a derramar umas e outras como quem quer afogar a lembrança amarelecida e constantemente avivada do presente cardíaco.Vamos, mermão, vamos beber até encher a cara e depois mais logo vamos fazer uma serenata ao luar, mesmo que o nosso camba não nos queira acompanhar na viola com medo que as nossas vozes estalem os vidros da vizinhança.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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