Caminho pesado sobre a areia da praia. O zulmarinho me molha os pés nos seus movimentos balanceados de vai e vem das suas pequenas ondas de tranquilidade. Eu tranquilo me converso com ele na esperança que a minha voz, um dia, cedo ou tarde, chegue lá no início dele.
A praia está lisa do vento que lhe varreu ontem todo o dia, a areia está mole da maré cheia que lhe molhou de noite. Agora, mole e lisa me serve de suporte de pensamentos sussurrados enquanto caminho.
Na verdade já escondi amores com medo dos perder, assim como já os perdi por tão escondidos que estavam. O zulmarinho parece que me ouviu porque me responmdeu com uma onda mais altiva que eu não estava à espera e me molhou num salpicar bem forte.
Já segurei as mãos de alguém com medo e por medo já tive alturas que nem as mãos sentia. O zulmarinho parece que recuou e me deixou caminhar em seco.
Já passei noites a chorar que nem consegui dormir e já deitem em noites que não dormi por estar feliz. Veio um brisa que me trouxe o perfume da maresia.
Enfim, já acreditei em amores perfeitos e já os descobri a inexistência. O zulmarinho parece-me aqui mais claro.
Um dia, um dia qualquer, estas minhas vozes vão chegar lá, onde ele começa, e vai começar um novo ciclo de JÁs na minha vida.
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