Aqui estou de olhos fechados fazendo um lusco-fusco neste dia de sol. Tento imitar o entardecer para poder ver a saudade, tantas vezes compartilhada e outras tantas solitariamente sentida.
Hoje acordei com a sensação que não sou eterno e num arrepio me senti saudade. Nunca tinha tido saudades de mim. Pelo menos que eu me lembre. E foi hoje que me lembrei de todas as minhas ganas, raivas e medos, todos os meus sonhos pesados e pesadelos sonhados. E foi hoje que senti uma dor de estar sozinho nas minhas ilusões.
Quantas horas eu terei perdido a sonhar sonhos que eu hoje já nem me recordo? Quantos dias terei eu suspirado por amores que eu hoje já nem me lembro a cor dos olhos que eu amei? Quantas semanas terei eu desperdiçado irremediavelmente num olhar de espelho a ver se eu era outro que nem eu, cavaleiro herói de espada na mão feito conto de fadas e príncipes?
Hoje acordei com saudades de mim. Recordei o bater do meu coração, recordei o ver dos meus olhos, recordei o sentir do meu cérebro.
Hoje acordei com medo de me enganar.
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