Por aqui, num vai e vem interminável, mais minuto menos hora, debaixo da torreira do sol, abrigado da chuva, cabelos ao vento, tronco num ou encasacado, por aqui ando. Às vezes decepcionando o que amo ou amando o que decepcionei, outras olhando ao espelho tentando descobrir o que sou, quem sou e por onde quero ir e não fui. Aqui, já tive certezas, já desapareci, me arrependi, chorei e gargalhei. Às vezes menti, falei verdades, omiti e me calei, fingi, dei importância sem importância, construi a destruição de frases em meias palavras. Aqui, num vai e vem, por vezes parado, já fiz juras de amor, verti lágrimas, calei tristezas, apregoei alegrias sem sal.
Por aqui já tantas coisas fiz que seria impossível me lembrar de todas. Não me lembro de nenhum ataque de riso, por exemplo.
Cheiro de maresia, marulhar de zulmarinho, versos feito prosa e vice versa, saudades, nostalgia, tantas palavras faladas num solilóquio que a saudável loucura me trouxe por aqui cantei num sussurro calado mentalmente.
Por aqui já contei estórias que não queria apenas para me esquecer das que queria ter vivido mas não tive tempo ou oportunidade.
Por aqui, pés na água, vi filmes mudos onde entravam amigos, conhecidos e outros que nem existiram mas fazem parte da minha vida, real ou imaginária.
Por aqui, sempre num aqui estarei para contar as verdades que podem não ter existido, podem não ter acontecido. Por aqui, ao sol, ao vento ou à chuva, me poderás encontrar vertendo lágrimas, soltando gargalhadas, vivendo a vida tal e qual eu acho ela é.
Por aqui.
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