Chove lentamente como o meu pensamento. Se pudesse sentá-lo-ia numa esquina e deixava-o a descansar por uns tempos enquanto eu ia à minha vidinha. Se eu pudesse decidir alguma coisa, começa logo no princípio, no meu início e deixava-me estar por aí. Assim num sem esperar nada, sorrir por tudo e nada, perder-me em olhares e deixar o vento levar-me. Fazia de conta era uma folha de papel na minha rua em dia de vento. Longe do mar para não me desfazer demolhado. O vento sempre fez parte de mim. Era deserto a minha essência. Não conheço deserto sem vento. Sou filho do vento, diria o poeta. Se eu pudesse apagava todas as feridas e maquilhava todas as cicatrizes. Não teria marcadas do passado.
Chove lentamente como eu penso e como não posso decidir nada deixo a vida correr mesmo que o vento esteja parado, resguardado da chuva, apaixonadamente abrigado na felicidade que tenho.
Sanzalando
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