Hoje que fez calor fui na praia. Vazia de gente do planalto que ainda não tem tempo de atravessar as mulolas e vir aqui se banhar, se enrolar na areia e desgastar a marginal num passeio de vai e vem. Isso é mais em Março embora agora inicia o calor e eu já estou a treinar e mergulho nas aguas frias da minha terra. Eu preciso desse mar. Eu preciso refrescar a minha tola, tirar da memória as namoradas por quem me enamorei eternamente naquele instante. Se já tivessem inventado o computador eu, na matinée dançante do próximo domingo, fazia um format de mim e começava de novo, sempre, como agora, alegre e feliz. Eu ia pegar dama para dançar, ia deixar de ser o puto envergonhado e tímido e ia ser como agora, transparente e real. É, um mundo diferente de ver, o agora e o antes com o que sei agora.
Vou ouvir a Mini-nota, vou-lhes dançar ao ritmo mesmo que o meu corpo nunca tenha tido um grande ritmo de dança.
Vou só mesmo na matinée dançante conversar e treinar o mar e março.
E voltou a saudade de amanhã ao almoçar com gente de ontem, quem me viu fazer as birras de criança, quem me viu enamorar adolescentemente e quem, me viu começar a ser homem.
A minha cidade, aquela que está na minha cabeça, não é saudade, é recordação, e ser eu hoje tal e qual como sou. Gente boa, me reconheço ao olhar no espelho mesmo que ele esteja embaciado pela água quente do orgulho, inchado pela vontade de ser gente.
Não é Março, não choveu nem nevou na minha cabeça tonta.
Sanzalando
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