Cacimba num chuvisco que nem sei bem já como é que é. Me lembro, no tempo dos calções e sandálias e sem pelo na perna, que o cacimbo não deixava ver cinco metros à frente. Agora, no cacimbo dos cabelos grisalhos, o cacimbo não deixa ver um palmo à frente do nariz porque me molha as lentes dos óculos. Com este cacimbo não me sento à beira mar a meditar sobre nada mas sim dentro duma sala a sonhar mares e ondas de outros lugares.
Eu sei. Sou complicado. Insatisfeito porque difícil de entender, infantil por rodopiar sobre fintas imaginárias. O meu sobrenome é Sonhador. Às vezes calmo, outras tormentas e calemas, tempestades sorrindo entre vertiginosas curvas arriscadas. Sempre sorrindo mesmo quando os olhos choram.
Cacimba chuva miúda sobre mim, super-herói de domingos de sofá, leitor ávido de cenas românticas em livros de ciência ou romances negros. Tento salvar o insalvável. Eu, estrela de Hoolywood ou de filmes indianos ou de Hong-Kong, de revistas cor de rosa.
Cacimba sobre um ser feliz porque vivo cada momento de mim.
Sanzalando