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7 de janeiro de 2020

preso sem prisão

Já andei pelos quatro cantos do mundo. Coisa difícil de eu entender pois se o mundo é redondo como é que andei pelos cantos. Mas como figura de estilo até que me parece bem. Já ouvi tantas línguas que nem sei às vezes como os povos se entendem. Mas na verdade em todos os cantos onde estive me safei. 
Mas por estar cansado desses cantos acho hoje vou ficar em casa, abrigado de palavras soltas e diálogos mudos, amigos de pacotilha e mentes fixadas em teorias quadriculadamente rígidas. É que aqui fechado não terei oportunidade de me deixar afectar por emoções absurdas e decepcionantes.
No somatório de ideias eu não sou mais que um inquilino do meu corpo em cuja renda está incluída a fuga à solidão rodeada de gente vazia. O inferno é grande, a injustiça é tamanha e eu começo a sentir-me prisioneiro deste mundo sem rumo nem rei, sou um prisioneiro sem prisão.
Vai melhorar, diz-me a consciência vazia.

Sanzalando

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