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2 de fevereiro de 2021

o que resta de mim

Parece o inverno está a dar os últimos sinais. A lareira apagada e eu não estou gelado. Ainda não estou no tempo de lá, ainda não estou a me sentir brilhante apesar deste sol pálido me bater nos olhos. O vidro da janela tem de estar bem fechado para me sentir confortável neste caminho de me pensar e repensar. E é assim que dou comigo a ouvir uma música dos meus tempos de adolescente apaixonado, uma música do antes de termos levado caminhos diferentes. A música já não me parece tão boa como era, cada nota e cada verso parece perderam pedalada, já não me fazem tremer nem embaciam os olhos de te pensar. Sim, eu sei que tudo tem um prazo e nada existe para a eternidade, além da História de agá maiúsculo. A música é a mesma, os meus ouvidos e a minha sensibilidade mudaram. Já não ardo facilmente, já não choro facilmente e já não me tiro do sério assim tão fácil. A ferida dos amores se foram cicatrizando e o tempo fez com que a verdade se fosse alterando. 
Eu sou apenas o que resta dessas cicatrizes mesmo que na altura parecia que eu tinha sido ferido de morte.


Sanzalando

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