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9 de fevereiro de 2021

procuro por mim

Chuvisca que nem de chuva se pode chamar. Cinzentou-se-me o cérebro. Parece me perdi no meu interior, encontrei o limbo em cada canto de mim. Já não me pareço com o reflexo que vejo no espelho. Mudei. Cinzentei-me todo, da cabeça aos pés. Estou pior que o tempo que faz lá fora. Nem as labaredas da lareira me animam. Acho sumi de mim. Molhado de corpo e alma me ausentei em fuga. Cansei de ouvir as tristes coisas na radio e na tv. Saturei de ouvir decepção atrás de decepção. Pelo meu corpo, pelas minhas veias corre um viscoso líquido de raiva que eu quero sangrar, como antigamente via fazer nos travões. 
Eu sei que o tempo assim faz-me ficar assim. Só tem gente que quer ficar na fotografia ou num mural para a história. Cansei do tempo assim, cansei das pessoas assim, cansei da história assim. Vou nas minhas estórias, nos meus sonhos e na minha ilusão. De norte a sul e da direita para a esquerda, seja em que sentido for, eu não vou, porque prefiro ficar neste aqui à procura de mim.

Sanzalando

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