Faz conta eu estou a escrever uma carta a quem me gosta muito, que sou eu mesmo, porque às vezes parece não nos entendermos. Era bom que eu próprio entendesse os meus sinais, ouvisse e interpretasse os meus silêncios, compreendesse os meus afastamentos e recebesse os meus abraços. Mas desconsigo deixar transparecer-me, silenciar-me ou me afastar sorrateiramente. Como é que eu posso me abraçar se o abraçador sou eu? Me ouvir já é coisa difícil porque me distraio na melodia da minha voz, nos brilhos que me rodeiam.
Faz conta eu não me entendo, nem por escrito.
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