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31 de outubro de 2022

se fosse o que fui eu sou

Fosse eu um caminhante de levitação, uma nuvem sobre montanhas, ser o primeiro a ver o amanhecer todas as manhãs, sem cordas ou amarras, livre de receios e outros medos, podendo voltar a qualquer lugar e aí permanecer eternamente, momentaneamente ou fugazmente, sonhando sonhos imortais e intemporais, ver todas as tardes o por de sol, sem interferência ou intercorrência e era a criança que não cresceu. 
Sentado na falésia da fortaleza a olhar o mar, sempre me senti o filho da mãe, protegido, príncipe, seguro nas noites cacimbadas dos meses de Agosto, que não queria ser mais outro que não essa criança.
Deixada a falésia da fortaleza, cresci, tomei amarras a lugares imperdíveis, amarrei corações alguns impossíveis, vi luzes nas noites sem lua e bronzeei-me nos dias sem sol, fantasiei-me de cavaleiro, marinheiro e outros tantos heróis vistos na telas do Impala ou nas matinés do Eurico.
Perdido o cabelo solto de longas farripas sobre os olhos, acinzentado no todo restante dos tempos que passam, olhando para trás me revejo em cada momento da minha sincrónica onde de pensamento. Eu fui a criança que se sentou na falésia da fortaleza, que sonha ainda um dia ser grande.



Sanzalando

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