recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

30 de junho de 2024

à beira-mar

Estava eu deitado na areia a olhar quando me lembrei que sonhei-te uma noite destas. Eram momentos lindos. Frames de um filme sonhado e não realizado. O lugar era-me desconhecido. Devia ser longe porque o céu brilhava sobre um sol claro e transparente, uma luz sem cor, nítida visão repousava em meus olhos. Eu via o teu sorriso com uma nitidez em forma de felicidade, a tua timidez era desconcertantemente bela. O teu olhar trazia-me tranquilidade. Era feliz, incrivelmente feliz. Sorri-me 
Foi um sonho lendário que recordei à beira mar


Sanzalando

27 de junho de 2024

Trilogia de Anabela Quelhas


Sanzalando

Krónica nº 14


Sanzalando

Programa K'arranca às Quartas nº 23

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 26 de Junho de 2024. 

  Sanzalando Sanzalando

eu aprendi

Eu aprendi o ouvir-me no som do silêncio, a alegrar-me ao ritmo da nostalgia e a aquecer-me no calor da tristeza. 
Desde o nascimento que começa o sofrimento se continuarmos a olhar para a vida de forma como ela nos violenta. Irreparavelmente gastamos um dia de cada vez.
Eu aprendi a abraçar e na ausência do contacto a minha imaginação era o meu palco.
Eu aprendi a sorrir e na paciência das horas fui abraçando os silêncios, as saudades e aqueci-me nos sorrisos dos dias tristes de inverno.
Eu aprendi que a vida é uma gargalhada que dura a eternidade que eu tiver.



Sanzalando

26 de junho de 2024

razão de ser

Me deito na praia e vou por aí, de onda em onda, surfando pensamentos e tropeçando em remoinhos como se tivesse muito em que pensar. 
O meu silêncio é ruidoso e o meu pedido de desculpa ao mundo é ensurdecedor. 
Na verdade eu sempre quis ser herói e fui lutando pelo lado mais fraco, ataquei dragões, ultrapassei sombras e esfaqueei pesadelos, com o princípio final de querer ser o herói do meu filme mental. Pouco me importei com a razão tirando a razão de ser, tirando o tem de ser. Não dei importância à ordem natural das coisas, o que tinha de ser era. E eu era o meu herói. Arrependido? Nem um pouco. Por isso o meu silêncio continua ruidoso e o meu pedido de desculpa deixa o mundo surdo que nem me ouvem.
Sou o meu herói e mantenho o meu principio de que a razão de ser é igual ao ser da razão.


Sanzalando

24 de junho de 2024

calema mental

Deitado na areia perto do mar dou comigo a navegar por ondas pensantes que às vezes até parece é calema no meu cérebro. Pensamento atrás de pensamento que me enrola e quase me afogo. 
Porque é que as pessoas não aprendem com os seus erros. Errar é humano e como tal se deve aprender a não cair outra vez mais no mesmo. Mas só porque as pessoas ficam tão preocupadas a negá-los ou a arranjar outros culpados que ficam sem tempo para apreender que o erro é mesmo deles. 
Mudo de posição e me sento deixando os olhos a se perderem na lonjura da distância alcançada por eles que até me esqueço que sou gente que vê bem mal ao longe e ao perto finjo nem ver. Talvez seja por isso que dizem que eu sou pessoa sensível quando mal me tratam. Não sou de calar, nem de protestar mas pelo semblante dá para notar. 
Me deixo ficar, onda sobre onda, pensamento sobre pensamento, um fim de tarde há de chegar e eu vou voltar ao sossego de mim.


Sanzalando

21 de junho de 2024

olhares

Quando ela me atirou o olhar, eu entendi o poder do fogo. 
Eu era adolescente, eu fiquei adolescente.
Ainda hoje eu estou dolente, um misto de magoado e triste, queimado na alma.
Quando ela me atirou aquele olhar... cada vez que recordo estremeço.
Há olhares que não se olham nunca mais.


Sanzalando

20 de junho de 2024

quando falta o chá

A culpa é sempre da bebida. 
Se chega a noite e na solidão do escuro silêncio resolves descarregar a bílis e ódios acumulados em reprimidas opções num teclado sob o pretexto de ganhar estatuto ou notoriedade, a culpa é da bebida. 
A culpa é sempre da bebida.
Ou da ingerida de elevado teor alcoólico num modo de afogar traumas e sofrimentos sentidos, ou no modo de apagar pensamentos ausentes, intelectos defeituosos. Ou da bebida chama chá que devia ter vindo com o manual de instruções associado ao berço.
A culpa é sempre da bebida. Ingerida ou da que faltou. 
Se chaga a conversa e não sabes construir uma frase explicita e implícita, é por culpa da bebida. Ingerida ou por ingerir.
A minha avó bem me dizia: cuidado com a falta de chá.


Sanzalando

19 de junho de 2024

Krónica 13 do K'arranca às Quartas


Sanzalando

Chamas de Amor


Sanzalando

Programa K'arranca às Quartas nº 22

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 19 de Junho de 2024. 

o meu tempo a tempo

Me deixo embalar pelo marulhar das ondas. Quase adormecido me deixo sonhar com tantas coisas que gostava de ainda fazer. Resposta para todas: se ainda não fiz foi porque não quis ou não calhou? Sou modesto nos sonhos, sou realista nos desejos. Me deixo sossegado a pensar como seria se eu tivesse já feito tudo e mais nada houvesse a fazer. O mundo estaria acabado. Pelo menos o meu. Por isso ainda tenho tanto para fazer que não sei onde arranjarei tempo para isso. O tempo é inesgotável, menos o meu, limitado em dois pontos: nascimento e morte. Não posso sonhar fora deste limite temporal. Outros poderão continuar o meu tempo mas no tempo deles. O tempo continua, mas cada um no seu, embora todos os tempos sejam tempo


Sanzalando

18 de junho de 2024

meu secreto mundo

Meu secreto mundo é a história não contada de mim. As lembranças perdidas, as memórias esquecidas, os sonhos desprezados e os desejos desperdiçados. Retornado ao mundo encantado onde criança fui o mestre daquela jornada, sabiamente conduziria melhor o leme que a minha atual versão, adulto civilizado. Ela interagia com as estrelas, acreditava na magia, dançava e sorria fácil e alegremente. Em seu modo ancião, distingo o abstrato do concreto e intuitivamente direciono-me para o intangível. Quanto tempo tardarei para absorver a verdade? Creio que os considerados loucos são aqueles que a buscam. E os que a encontram? Os sãos permanecem em sua zona de conforto assistindo hipnotizados aos programas na televisão, vivendo uma vida no automático modo de deixa seguir, pura robotização. 
A rebeldia peculiar eu a perdi na ferrugem do tempo.

Sanzalando

17 de junho de 2024

me deixo

Me deixo estar a olhar o zulmarinho que até parece virei estátua de pedra despolida e abrasiva. Olho só para longe, num qualquer princípio de mim a tentar apagar qualquer fogo aceso que me faça pensar eu sou o salvador do mundo. Não sou narcisista nem nunca fui prodígio, nunca fui único a pensar. Não, nunca precisei fingir ser quem não sou. Às vezes deixo escapar ideias, outras vezes troco por silêncios palavras que devia falar. Me destroco em vagas coisas que me afundam os pensamentos e deixo de ter tempo para para outras avarias ou arranjos.
Me deixo só olhar como se fosse um final de dia a descansar.



Sanzalando

16 de junho de 2024

onde me encontrar

Aqui me encontro comigo. Me procure onde me procurar eu sei que me encontro sempre nas minhas memórias. Nas páginas passadas do meu ser, na minha existência está a minha essência. Vou procurar mais aonde? Aqui me encontro sempre. Às vezes até dá para as escrever, às vezes até dá para ter saudade e tem vezes que faz conta nem lembra. Mas sou eu na mesma. Alturas há que colapsei, outras que eclipsei e outras em que brilhei. Mas sou sempre eu.
É aqui que me encontro.

Sanzalando

15 de junho de 2024

Crónica escrita para o programa K'arranca às Quartas de 13 de Março de 2024

Crónica número dois, a crónica de JCCarranca neste seu programa, uma opinião própria nas minhas próprias palavras.

No passado Domingo Portugal foi a votos.

Fui-me deitar com a certeza de que a nova História ia começar.

Ao acordar segunda-feira verifiquei que afinal ainda não tinha começado o novo capítulo da História de Portugal.

Os números finais ainda não são conhecidos, porém tudo leva a querer que há dois partidos claramente vencedores e dois que ficaram aquém do que gostariam de ter ficado.

Congratulo-me porque a abstenção não foi a determinante desta ronda eleitoral como vinha a acontecer desde há anos.

Perderam os políticos que andaram a fazer campanha para primeiro-ministro, esquecendo que os distritos votam para Deputados.

Deputados que lá se arranjam para escolher governo e orçamentos aceites por um Presidente da República que baseado num pressuposto que até à data não deu em nada derrubou uma maioria absoluta, abrindo o precedente de que o Governo é volátil em qualquer circunstância.

Um dos partidos ganhadores usou e abusou da popular frase de «falar o que se a gente quer ouvir» a que se adicionou, dizem os múltiplos comentadores, um número exagerado de descontentes do tradicional e gasto aparelho político português.

Isto leva-me a pensar que as ideias políticas tradicionais estão desajustadas ou que o pessoal está-se nas tintas para a realidade do estado social, onde tantas vezes os ouço/leio a reclamar, contestar e até insultar e do qual não abdicam, excepto no discurso.

Espero ansioso pela oficialização dos resultados:

- deixarei rapidamente de ouvir os Professores reclamarem,

- deixarei de ver os profissionais de saúde a saírem do SNS, etc etc,

E verei que os dinheiros irão para ali e para lá, que tanto ouvi nos últimos 15 dias.

Os resultados finais parece vão trazer os milagres que durante oito anos não aconteceram, espero eu.

O Sr. Presidente de República deve estar agora com uma forte dor de cabeça a tentar reconstruir um Puzzle que não lhe deu trabalho nenhum a desfazer, com a ajuda da Procuradoria Geral da República.

Noutro ponto da equação mantenho dúvidas que os deputados eleitos pelo Algarve representem a região como ela merecia ser representada já que alguns conhecem o Algarve de Agosto e nem imaginam que existe um Algarve anual.

Olhando o mapa colorizado pela comunicação Social fico preocupado com as tantas incertezas que vão servir de desculpa para o não cumprimento das promessas feitas. Lá vão as promessas rio abaixo.

O ruído político vai continuar, a acusação mútua vai continuar e como dizia o povo, veremos se apenas não mudaram as moscas.

Os 50 Anos do 25 de Abril e a incerteza política.

E aqui termina a Cr’onica K’arranca às quartas e o Programa K’arranca às Quartas segue o seu rumo com aceitação propícia ao resultado eleitoral.

O ruído político vai continuar, a acusação mútua vai continuar e como dizia o povo, veremos se apenas não mudaram as moscas.

Os 50 Anos do 25 de Abril e a incerteza política.

E aqui termina a Crónica K’arranca às quartas e o Programa K’arranca às Quartas segue o seu rumo com aceitação propícia ao resultado eleitoral.

13-03-2024

Sanzalando

13 de junho de 2024

por este mar (tentei ser poeta)

Por este mar viajo, falo e canto se soubesse eu cantar.
Por este mar me embalo na vida tantas vezes sem parar.
Por aqui, sabor a sal, avanço sem medo.
Por este mar arrisco decisões e não guardo segredo.

Por este mar não vivo pela metade.
Por este mar vivo-me por inteiro
Por este mar olho a minha verdade
Por este mar arrisco ser certeiro

Podem atirar-me balas
Sigo por este mar sem medo
Podem adultera-me falas
Porque eu não tenho segredo

Por este mar meus sonhos são definidos
Meus pesadelos são acalmados
Por este mar não tenho outros sentidos
Nem outras queres alcançados.

Poe este mar me fiz poeta
Por este mar me acalmo
Seja verdade ou treta 
Por este mar me faço salmo.

Sanzalando

12 de junho de 2024

Krónica nº 12 do programa K'arranca às Quartas

Conto de Cães e Maus Lobos de Valter Hugo Mãe

Programa K'arranca às Quartas nº 21 de 12-06-2024

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 12 de Junho de 2024. 

  Sanzalando Sanzalando

a verdade

Aqui, neste sentado mar onde vislumbro-me por dentro e por fora, vejo que perdemos a sensibilidade quando pensamos dizer o que nos molesta, o que nos conflitua.. O verdadeiro problema devia ser o não dizer o que sentimos. Cabeça fraca esta, da dúvida social em que queremos estar de bem com o lado de fora das coisas complicadas da vida. 
Aqui, neste mar sentado, em que vejo que o meu passado é apenas um capítulo e que a felicidade espera ser escrita numa qualquer página de futuro, vejo que o lado de fora da gente quer ser um lado carregado de cor quando os interiores são cinzentos mal acabados.
Aqui, neste mar sentado de mim, prefiro ofender com a verdade do que dizer a mentira certa.
Aqui, zulmarinho de mim, me embalo na certeza de que um dia dar-me-ão razão, quando digo que a mente é mais forte que todas as mentiras quando a verdade serve de alicerce.


Sanzalando

11 de junho de 2024

nas ondas do pensamento

Me deixo levar nas ondas dum pensamento como se eu fosse um pedaço de mar. Me espraio na areia como numa preguiça física e sem esforço mental. Vagueio-me por aqui e ali e chego ao desapego. Eu só escolhi entrar na minha vida +porque eu só me possuo a mim, mais ninguém me pertence nem eu a ninguém. Há quem esteja assim como que destinado a permanecer na minha vida mas é uma escolha delas. Há os que decidiram partir e voar na sua onda. É uma escolha delas. Eu confio que fizeram bem porque escolheram. Há pessoas que pertencem ao meu passado e não faço ideia se ficarão no meu futuro. Tem gente que entra e gente que sai. Tem gente que olha e tem gente que nem vê. Embora eu possa desejar que estejam na minha vida ou eu na deles, mas não dá, não deu e o futuro desconheço.
Me deixo ir, vagabundo de mim, surfando ondas de pensares sem pensar quem vem lá mas querendo que fique por cá, ocupando o seu espaço, conectando com o meu numa simbiose de pensamento vagabundo e sem limites ou fronteiras.
Me deixo levar nas ondas do mar, de pensamento em pensamento como se estivesse à procura dum lugar onde o tempo dura a eternidade. Mas eu sem limites não sei onde fica nem quanto tempo é.


Sanzalando

8 de junho de 2024

olho-me

Olho o zulmarinho e me deixo embalar. Não tenho para onde ir, nem tenho para que ficar. Estou só a olhar o longe da minha imaginação. Ela é a minha essência, o meu porto seguro onde me atraco quando me apetece. Quando não me apetece fico à deriva faz de conta estou no meio do mar.
Se calhar estou a me olhar para melhor me entender. Desde que olhe é bom sinal.

Sanzalando

7 de junho de 2024

vagabundo-me

Me deito na praia e vagabundo pensamentos sem estar preocupado com tempo que passa ou com o tempo que está. No fundo o que eu gosto está nos pequenos detalhes da minha existência, no que me faz rir ou esboçar um sorriso, nos mistérios que me surpreendem, nas pequenas coisas que me deixam ansioso ou apenas curioso. Detesto o medo e no pensar que possa estar do lado errado da razão. Gosto de imaginar, gosto de voar de coisa em coisa sem poisar no pormenor. É bom imaginar sem medo.
Vagabundando pensamentos descubro maravilhas e coisas tais que não me deixam desistir. Náo me entristeço a sonhar, nem a ver passados que vivi ou que desejei, porque cada manhã me dou feliz por ter a capacidade de vagabundar no pensamento e visitar todos os meus pontos pequenos.sem descurar um ou outro detalhe.
Afinal de contas quem eu gostaria de ser se não o eu que sou? Nas memórias sombrias vejo o que podia ter sido e não gosto dessa cor. Mudo de pensamento e de lembrança em lembrança vou alindando as maldades que me fizeram, alisando o arrepiado mundo que me ia aparecendo, sem nunca me deixar ir ao fundo.
Me deito na praia e vagabundo-me por inteiro.


Sanzalando

6 de junho de 2024

tem poeira no ar

Quantas vezes me entrelacei em pensamentos, num emaranhado que me prendia e me engarrafava o pensamento num modo de me parar o raciocínio? 
Será que as pessoas se esquecem que trabalhar em equipe é também falar de fracassos, de tristezas, de respeitos para além de tudo o que é positivo e alegre? Será que tem gente que esquece que já foi assim mais ou menos como que novinho em folha? Como é que há gente que apaga da mente o respeito e a se põe com falta de chá só porque pensa está no degrau de cima? Escada que sobe também dá descer e às vezes é de trambolhão.
Brrr, afasta pensamento que vem aí poeira nublar o meu ar.


Sanzalando

Programa K'arranca às Quartas nº 20 de 5-06-2024

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 05 de Junho de 2024. 

  Sanzalando Sanzalando

5 de junho de 2024

Krónica 11 de 5 de Junho de 2024


Sanzalando

O Avesso Graça de Sousa


Sanzalando

A minha observação

A crónica livre hoje trouxe-me a nostalgia dos tempos de adolescente. Porém não posso viver novamente esses tempos e nem vale a pena estar a matutar sobre ele. Assim sendo hoje deu-me para falar do envelhecimento e da passagem do tempo. É um tema profundamente humano que desperta reflexão sobre o que é a vida, as mudanças e as memórias acumuladas ao longo dos tempos.

Vamos ver deste modo: envelhecer é folhear um livro antigo, onde cada ruga ou cabelo branco, cada memória ou recordação narra uma história única. É sentir o peso das experiências vividas, das alegrias e tristezas que moldaram quem somos agora. O tempo, implacavelmente nos lembra constantemente a sua existência e convida-nos a valorizar cada instante, cada sorriso, cada abraço, cada olhar.

Vemos as estações do ano, agora cada vez menos distintas por acção das alterações climáticas, sucedendo-se em ciclo, desdobrando-se aos nossos olhos. A primavera continua a trazer-nos esperança e renovações. Os verões aquecem-nos as lembranças dos dias passados nas praias ou nos grandes passeios, no ensolarado momento de adolescência. O outono convida-nos à reflexão, à introspecção. O inverno mostra-nos a importância do calor interior que arde dentro de nós e nos aquece a melancolia.

Assim, ao envelhecemos, aprendemos a apreciar a beleza da simplicidade, a valorizar as relações genuínas e a acolher as marcas do tempo impressas na nossa pele. Cada ruga é um capítulo escrito com traços de sabedoria adquirida, cada cabelo branco é um fio de prata tecido na sabedoria pela gratidão.

A passagem do tempo ensina-nos que a verdadeira riqueza está nas experiências partilhadas, nos momentos de amor, nas histórias que contamos e nos tornam imortais na memória dos que que ficam depois de nós partirmos.

Envelhecer é um presente, uma dádiva, um privilégio. É a oportunidade de contemplar com gratidão a nossa existência, é a oportunidade de deixar um legado de amor e sabedoria às gerações futuras. Cada momento que vivemos intensamente é uma lição de sabedoria que deixamos e que cada ruga ou cabelo branco adquirido seja uma página escrita na memória dos mais novos. Viva cada instante porque ele é único.



Sanzalando

4 de junho de 2024

lembrei o cacimbo

Me sento e descanso de um dia cansado. Estive todo o dia a me lembrar dos dias de cacimbo. A ausência de fazer coisas nos dias de cacimbo. A memória saltava de dia para dia e não tinha dia sem fazer nada, mesmo com cacimbo. Sou eu que estou a ficar sem memória ou é mesmo assim?
Foi então que me lembrei que não lembrar nada é muito pior que sentir muito. A solidão é muito pior que o desgosto. É dor muito forte sentir o coração enferrujado pela névoa que enferruja a memória. Sem memória não me posso lembrar dos dias que passei a olhar para o nada que tinha que fazer. Vou-me lembrar que era cacimbo e eu estou no tempo desse cacimbo cerrado que me fazia não fazer nada porque só não apetecia.



Sanzalando

3 de junho de 2024

tem coisas e tem gente

Tem coisas que deixam de mexer com a gente para que coisas novas mexam na gente. A gente aprende a viver com emoções e situações e demais confusões. A gente sabe que a prioridades mudam tal como as nossas dores. A gente sabe que cresce, que amadura, porém não sabe se da melhor maneira ou não. Não tem termo de comparação. Sabemos que tem coisas que vemos e revemos de maneira diferente. Tem dias que sentimos novas dores e outras alegrias. Tem alturas que a dor que parecia ser forte abranda ou piora. Tem dias que sem dor a alegria não veio e tem dias que mesmo dorido a alegria surgiu. A gente se torna adulto porém a montanha da vida é a mesma. Pessoas, sentimentos, sensações, prioridades se alteram, se modificam. Tem coisas que a gente não queria mexer mas as coisas mexem com a gente.


Sanzalando

1 de junho de 2024

nenhuns

Todos os meus caminhos dão a lugar nenhum. Nenhum é um lugar extenso onde cabe toda a minha imaginação em conjunto com a realidade. É onde gosto de estar e é onde eu sempre vou parar. Aquís há muitos e eu sempre estou num aqui. Todos eles fazem um nenhum. Tantos nenhuns fazem um todo.  Eu estou em todos os nenhuns

Sanzalando