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1 de dezembro de 2004

Pescador - Cajoão4

O Pescador de Lágrimas...

Mano kimbanda, manda servir já quatro birras bem geladas que hoje tem trumuno na esplanada. Chegámos. Viemos juntar-nos a ti. O Manel e o Beto trouxeram as violas e as vozes em forma e eu faço de elemento fundamental do trio: se bebermos demais sou eu quem os ampara. Hoje tem sereinata. Estamos aqui para levar tua alma de poeta. Desculpem-me os que estavam à espera da continuação do relato do meu regresso a casa mas hoje não dá... Não sou Pêro Vaz nem escriba de relato certinho e continuado. Só sei escrever ao deusdará quando as ideias chegam sem avisar. Se esforçar muito borro a pintura. E hoje, meu mano-véio mandou trazer manos Manel e Beto e eu, bem comportado como sempre aqui estou (qué isso de me chamar puto reguila ???). Pramais ele parece que me vê e desvê por dentro. Fala que parece que recebeu meu sentido. Se isso não é ser mano mais que de pai e mãe, não sei. E hoje tem que ter sereinata (não é engano, é mesmo prás sereias). Também tive que interromper para vir aqui (aqui na esplanada e não noutro sítio), dar a mão à nossa Mercedes e dizer: fica conosco ! Não nos deixes e vem bolinar no MAGIA. Vim te dizer que temos sempre um refúgio onde se gosta e se é gostado. E não é refúgio de medo. Às vezes é de asco e a limpeza da alma faz-se com os amigos. Eu gostava de ser teu amigo. Deixa-me tentar aqui. Na esplanada e no MAGIA do kota Quelhas. Pra isso os manos Manel e Beto já começaram a função. Já se ouve: "Somos filhos da madrugada, Pelas praias do zulmarinho nos vamos, À procura de quem nos traga, Verde oliva de flor nos ramos..." Senti agora um frio na espinha... Será paludismo ???MARzé

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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